Num mundo diferente, mais selvagem e sem rosto mas, no qual, com a sabedoria da competência, podemos encontrar muitas e novas oportunidades, é tempo dos políticos, nomeadamente aqueles que só vivem da política (nasceram, cresceram e vão morrer políticos), darem lugar ao conhecimento, à experiência dos líderes empresariais, ao mercado dos empreendedores e à iniciativa privada
POR DAVID ZAMITH

Num mundo diferente, mais selvagem e sem rosto, mas no qual, com a sabedoria da competência podemos encontrar muitas e novas oportunidades, é tempo dos políticos, nomeadamente aqueles que só vivem da política (nasceram, cresceram e vão morrer políticos), darem lugar ao conhecimento, à experiência dos líderes empresariais, ao mercado dos empreendedores e à iniciativa privada numa lógica orientadora da própria doutrina social da igreja para um novo e verdadeiro paradigma pelo trabalho, assente nos valores, na empresa e na sociedade, nas quatro rodas da vida:

  • Dignidade da pessoa humana.
  • Bem comum.
  • Subsidiariedade.
  • Solidariedade.

Há que partir para uma nova visão sobre o problema do emprego, que não sempre e só a falar-se do desemprego, criando uma sociedade cinzenta e descrente no futuro.

Vamos, ao contrário, criar um grupo de trabalho, experiente e de competências reconhecidas (ex. líderes empresariais ou a sociedade do conhecimento) para partirmos para uma bordagem de como é possível “Criar Empregadores”, já que só através deles podemos conceber uma viragem real pró-emprego.

É a lei laboral que deve ser ajustada? Ou será a problemática fiscal que está velha e desajustada, com a agravante de mudar na entrada de cada governo, para desincentivar quem quer investir? Ou está na lentidão e burocracia da justiça o principal factor desmotivador de novos desafios? A solução célere de querelas comerciais, como por exemplo na falta de Pontualidade nos Pagamentos, a pedir nova legislação e tribunais arbitrais destinados a dar celeridade aos conflitos? Como desburocratizar o apoio à internacionalização e crescimento das exportações? Porque se abandonou a Indústria, como suporte da sociedade, e se apostou só nos Serviços? Será necessário propor à maioria parlamentar pactos de regime orientadores de uma nova sociedade, de iniciativa privada, mercado livre e com um Estado numa função fundamental, e cada vez mais fundamental, de verdadeiro e real regulador?

Com a falência a que os políticos levaram Portugal, a linha tecnocrática europeia orienta o Estado, a ser emagrecido drasticamente, e bem, enquadrando-o nas tarefas da regulação, consequentemente libertando-o daquilo a que, erradamente os políticos de forma interessada se apoiavam, o de criar emprego.

Ou, será que para uma melhoria da formação humana, ética e dos valores cívicos da juventude portuguesa (em crise também), o próprio Estado não deverá repensar toda a problemática das nossas Forças Armadas, quiçá pela modernidade de Forças Armadas Profissionais, lado a lado com a institucionalização de retorno ao “velho” serviço militar obrigatório (a Suiça poderá ser um bom exemplo a seguir), não numa lógica de guerra (que para existir suficiente é estarmos em paz, convém não esquecer) mas orientada de forma diferente.

Aqui, e uma vez mais, as consultadorias entregues a quem sabe, e nunca aos políticos, cuja maioria nunca por lá passou ou até desertou. Serviço militar em tempo determinado, como ocupação e formação cívica educacional, em prol da sociedade, com a revitalização de alguns quartéis, pelo interior do nosso País, e com isso valorizando-se toda uma micro economia local, um “dejá vu” do passado que os políticos desejaram aniquilar. Já agora não compreendemos porque o combate aéreo aos fogos não está sobre a alçada da Força aérea ou a Engenharia Militar ao serviço das autarquias na limpeza das matas?

Tudo o que atrás fomos enunciando cai que nem mel nas reformas estruturais anunciadas e em curso.

As reformas estruturais são o pilar maior da oportunidade de Portugal quebrar com o corporativismo feroz e doentio, vício bafioso do passado, ou recente, onde a política e os políticos sem competências, sem experiência, e numa lógica de tráfico de influências interpartidário nos levou à bancarrota e à situação de emergência em que nos encontramos – e de onde ainda não saímos – e levar o nosso País para novos e modernos patamares de desenvolvimento, estabilidade, progresso, criação e futuro.

Em tempos de emergência nacional não basta refundir juntas de freguesia ou acabar com governadores civis, é tempo de descentralizar (mais poder ao poder local, como rosto onde o povo se revê, e menos centralismo) e reajustar drasticamente o número de parlamentares, numa nova lógica europeia que, a nível legislativo, pouco ou nada contribuem para o desenvolvimento do nosso país, e principalmente uma drástica redução do número de gabinetes, acessorias, comissões parlamentares, etc. (mordomias partidárias). Talvez, bem-feitas com as contas, os ganhos de uma drástica redução dos custos parlamentares acrescidas de todo um conglomerado de apoios socias à juventude, dê para suportar um plano nacional de serviço militar.

Pela aposta numa nova sociedade, do mercado livre, da iniciativa privada, e com um Estado numa função primeira, de verdadeiro e real Regulador.

Desejamos mais do mesmo? Desejamos continuar a ouvir os “Arménios” a exigir que os “patrões” sejam açaimados devido à sua reconhecida perigosidade, ou encarcerados pelo “mau exemplo” que transmitem à sociedade? Para nós chega deste “velho”, vício bafioso do passado, doentio, mas maléfico corporativismo.

Vamos dar um passo atrás e utilizar a oportunidade do saber das nossas Universidades, com tantos e tão bons exemplos de apoio à reestruturação industrial portuguesa (de realçar o sucesso na indústria do calçado ou a inovação nas fotovoltaicas), como verdadeiros Consultores Nacionais, em parceria com o saber de elementos das Associações e Direcções Gerais (prata da casa competente, mas não da politizada) e pormos toda a massa crítica na elaboração de um diagnóstico que permita elaborar as etapas principais Motivadoras do Investimento e na Criação de Empregadores.

A acrescentar ao sucesso das nossas exportações que atingiram pela primeira vez, em 2011, os 61 mil milhões de euros de volume de exportação, valor histórico! Exportação estruturada nas tais manufacturas tradicionais, que o próprio centralismo de Bruxelas recomendou a sua deslocalização para a Ásia, ao contrário do relatório de Michael Porter que muito bem apontava para a sua preservação (Indústria), crente na melhoria pela inovação com acréscimos de valor.

Em vez de continuarmos a viver numa Sociedade Viciada na Ilusão e no Embuste, sem querer ver a realidade, com políticos de retórica fácil e demagógica, numa dialética sem vantagens, é necessário estimular o mercado, e os seus líderes empresariais, no sentido de lhes fornecer ferramentas de incentivo ao investimento que levem à verdadeira criação de emprego, pelo trabalho e na nobreza dos seus fins!

Senhor Ministro da Economia: Vamos criar empregadores?

ACEGE - Núcleo do Porto