Durante uma década, mais do que o trabalho de voluntariado desenvolvido ao longo de um dia com centenas de colaboradores das associadas do GRACE, o GIRO “mudou mentalidades e despertou pessoas e empresas para a importância de serem socialmente responsáveis”. Em entrevista, Paula Guimarães faz o balanço não só desta que é a maior iniciativa voluntária do País, a nível empresarial, como também da actuação da Associação, que há 15 anos aproxima organizações e empresas, sob a premissa de que “a responsabilidade social ajuda a fazer crescer uma economia saudável”
POR GABRIELA COSTA

A maior iniciativa de voluntariado corporativo em Portugal assinalou este ano uma década de existência, numa edição especial que reuniu nos dias 2 e 9 de Outubro, um pouco por todo o País, mais de 900 colaboradores de 55 empresas associadas do GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial.

Tal como vem sucedendo de ano para ano, “apesar da conjuntura económica do país”, nesta 10ª edição do GIRO, inserida nas comemorações dos 15 anos do GRACE, o número de voluntários participantes aumentou, o que permitiu o envolvimento de “mais pessoas, empresas e instituições” sociais.

No total foram dinamizadas sete acções, com destaque, no dia 2, para a iniciativa de apoio ao movimento SERVE THE CITY, que chegou a Portugal em 2007, envolvendo hoje milhares de voluntários em iniciativas comunitárias com idosos, crianças em risco e grupos vulneráveis, como sem-abrigo ou toxicodependentes; e para o GIRO Acessível, que espalhou no dia 9 ‘brigadas’ por 18 freguesias de Lisboa, numa missão de reconhecimento de acessibilidades e obstáculos à mobilidade na capital.

Em entrevista de balanço ao VER, a presidente do GRACE, Paula Guimarães, sublinha o “alargamento das parcerias nacionais e internacionais” e o crescimento da Associação empresarial, que é em si mesma uma prova de que “a responsabilidade social corporativa é, cada vez mais, uma realidade no dia-a-dia das empresas e dos seus colaboradores.

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Que balanço faz do GIRO 2015, ao nível das acções realizadas e resultados alcançados?

Esta foi uma edição especial, na medida em que marca os dez anos do GIRO e se celebram 15 anos de GRACE. Nos dias 2 e 9 de Outubro, 55 empresas associadas e mais de 900 profissionais estiveram divididos num total de sete ações, de Norte a Sul do país.

Incluídas nas comemorações dos 15 anos do GRACE, as iniciativas dividiram-se entre as áreas social, ambiental e de cidadania, tendo como principais objectivos sensibilizar para a emergência de mudança de atitudes impactantes na sociedade, alargar horizontes e despertar uma maior consciência cívica, social e ambiental, e integrar diferentes públicos na sociedade, nomeadamente pessoas com deficiência.

[pull_quote_left]O GIRO Acessível identificou pontos positivos e problemas de mobilidade na cidade de Lisboa, reunindo quase 300 voluntários[/pull_quote_left]

Entre os projectos que integraram o GIRO 2015 é de destacar a acção de apoio ao movimento SERVE THE CITY, no dia 2 de Outubro. Em Lisboa e no Porto, este movimento realizou um Chá Comunitário que juntou à mesma mesa beneficiários e voluntários, proporcionando o convívio, a partilha de histórias e de experiências, durante uma tarde animada.

No dia 9, centenas de voluntários integraram as Brigadas GIRO, participando numa missão de reconhecimento por 18 freguesias da cidade de Lisboa, sendo acolhidos por entidades localizadas nas diferentes zonas visitadas, para a identificação de pontos positivos e de melhoria nas acessibilidades e educar para a mobilidade e para a inclusão. Com base nos dados recolhidos, será elaborado um documento com os resultados desta acção, que será oficialmente apresentado em Assembleia Geral do GRACE e disponibilizado para consulta pública no site da Associação.

Quantas centenas de voluntários reuniram as acções realizadas nesta 10ª edição do GIRO?

As acções que decorreram a 2 de Outubro reuniram um total de 613 voluntários. No GIRO Acessível, contámos com 280 voluntários.

Quanto ao GIRO Acessível, que exemplos de pontos positivos e melhorias identificados na cidade de Lisboa destaca, e de que modo é que esta acção educou para a mobilidade e para a inclusão?

Foram muitos os exemplos identificados e essa informação está a ser compilada, mas destacamos como pontos positivos os passeios largos e rebaixados junto às passadeiras, sinais sonoros nos semáforos ou as rampas de acesso. Quanto a melhorias necessárias, identificámos percursos com postes dentro da zona de passagem e veículos estacionados no local de circulação pedonal, entre outros.

Diariamente, milhares de pessoas percorrem as ruas de Lisboa, imersas nas suas vidas, sem reparar no caminho que percorrem. No entanto, esse é um luxo de que nem todos dispõem. O GIRO Acessível tentou, por isso, chamar a atenção para uma série de problemas que, muitas vezes, são causados pelos próprios cidadãos e que devem ser evitados para facilitar a vida daqueles que têm mobilidade reduzida – sejam pessoas com deficiências, idosos, mães com carrinhos de bebés ou mesmo turistas com bagagens.

Durante um dia, centenas de voluntários percorreram as ruas de Lisboa de forma a assinalar todas estas situações, sensibilizando e sendo sensibilizados para pormenores que, muitas vezes, não reparariam. Questões como o estacionamento indevido, caixotes do lixo colocados no meio da via pública, lixo no chão, buracos, esplanadas mal organizadas, entre muitas outras, foram assinaladas e reportadas de forma a evitar que comportamentos como estes se repitam.

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Face ao contexto socioeconómico do País nos últimos anos, em que medida esta que é a maior acção de voluntariado empresarial em Portugal assume uma importância reforçada?

O GIRO é a iniciativa de voluntariado corporativo com maior dimensão nacional. Em nove edições, já contou com mais de 5 mil voluntários, atingindo cerca de 19 mil beneficiários. Ao longo destes dez anos de GIRO, mais do que o trabalho social e ambiental desenvolvido durante um dia com os colaboradores das empresas associadas, acreditamos que mudámos mentalidades e despertámos as pessoas e as empresas para a importância de serem socialmente responsáveis e de contribuírem para a melhoria das comunidades onde se inserem.

De ano para ano, e apesar da conjuntura económica do país, o número de associados a participar nesta iniciativa aumentou, chegando assim a cada vez mais pessoas, empresas e instituições, alertando para a importância da responsabilidade social corporativa. 

Como estão a decorrer as comemorações dos 15 anos do GRACE, no âmbito das quais se insere esta 10ª edição do GIRO?

Ao longo dos últimos 15 anos, temos trabalhado para sensibilizar e aproximar instituições sociais e empresas, transmitindo-lhes que a responsabilidade social ajuda a fazer crescer a economia e que uma economia saudável favorece os negócios e o país.

[pull_quote_left]Até ao final do ano, será lançada uma campanha publicitária de sensibilização aos consumidores para a responsabilidade social corporativa[/pull_quote_left]

Apesar da conjuntura económica, o GRACE tem registado um aumento significativo de associados, o alargamento das parcerias nacionais e internacionais e o crescimento da sua equipa técnica, comprovando que a responsabilidade social corporativa é, cada vez mais, uma realidade no dia-a-dia das empresas e dos seus colaboradores.

As celebrações do 15º aniversário decorrem ao longo de todo o ano. No dia 25 de Fevereiro, data de “fundação” do GRACE, procedemos à cerimónia de obliteração de selo – acto de emissão do carimbo e do postal alusivo aos 15 anos de vida da associação -, que contou com a presença do Ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro. Nesse mesmo dia, os orgãos sociais do GRACE assinalaram a data, na Euronext Lisbon, com o simbólico toque do sino que marca o encerramento do mercado bolsista, cerimónia que reuniu os elementos dos corpos sociais do GRACE e Luís Laginha de Sousa, CEO da Euronext Lisbon.

Até ao final do ano, será lançada uma campanha publicitária de sensibilização aos consumidores para a responsabilidade social corporativa, que conta com o apoio dos associados do GRACE.