Ao longo dos tempos, enfrentámos crises militares, políticas e até de saúde pública, como a Gripe Espanhola. Mais recentemente, a pandemia de COVID-19 mostrou-nos que muitos dos desafios do passado se repetem e o exemplo das questões de equidade, transversais na história, voltaram a estar em primeiro plano
POR FRANCISCO MIRANDA DUARTE

A longevidade de uma instituição é, por si só, a prova de que nada acontece por acaso e, em muitos casos, mostra a simbiose perfeita entre dois conceitos, aparentemente, contraditórios: tradição e inovação.

Sim, é possível manter um elo forte com o passado, honrando décadas ou séculos de história, ao mesmo tempo que se trabalha e prepara o que aí vem através de capacidade de adaptação que nos faz manter a organização relevante para os stakeholders com quem se relaciona. Além disso, uma compreensão sofisticada do que ficou para trás é uma das ferramentas mais poderosas para antecipar a incerteza do futuro.

Ao longo dos tempos, enfrentámos crises militares, políticas e até de saúde pública, como a Gripe Espanhola. Mais recentemente, a pandemia de COVID-19 mostrou-nos que muitos dos desafios do passado se repetem e o exemplo das questões de equidade, transversais na história, voltaram a estar em primeiro plano.

Recuemos até 1755, ano em que a Ordem da Trindade foi criada com fins de natureza “assistencial” e de “solidariedade social” através de bula papal de Bento XIV. Desde então, garantimos os meios para continuar a responder a estes objetivos de auxílio às populações desfavorecidas do Porto. De 1880 até aos dias hoje, honramos igualmente o compromisso de assegurar a chamada Sopa Económica, uma refeição diária disponibilizada aos mais carenciados.

Com a pandemia, voltámos a “bater de frente” com a dura realidade de uma crise social, mas o passado foi a força que encontrámos para responder da melhor forma a esse desafio. O apoio não cessou, as equipas excederam-se no cumprimento da sua missão, sendo reconhecidas por isso. Liderar nestes tempos foi e continua a ser uma lição prática de que os altos padrões de qualidade, a ética irrepreensível, a valorização de quem está connosco e um sentido de propósito da organização devem caracterizar e orientar o nosso trabalho.

Paralelamente, é preciso inovar. E inovar, seja numa empresa ou numa organização centenária, já não é uma opção. Agora, é decisivo para darmos respostas de valor acrescentado a comunidades e públicos que têm necessidades e expectativas diferentes.

Na área do apoio social e da saúde, as melhores práticas exigem os melhores recursos, sejam humanos ou técnicos, incluindo cada vez mais a componente digital. Já a responsabilidade de oferecer cuidados especializados, sempre com foco no utente, devem levar-nos à excelência, sublinhando a importância da humanização dos serviços, centrando-os na individualidade de cada um e na construção de relações de confiança e partilha.

Como lidamos com pessoas fragilizadas, compreendemos de uma forma especial a importância de cuidar do próximo e sabemos também que temos de cuidar de quem cuida (a nossa equipa) para garantir a qualidade.

Estes valores aliados a uma boa gestão incutem um sentido de identidade e propósito muito motivadores. Algo que é fundamental para que o trabalho diário – do colaborador em particular e da instituição no geral – possa ser produtivo, empenhado e reconhecido como uma marca que se prolonga no tempo.

CEO Ordem da Trindade