Em 2021, e apesar do arranque marcado por um contexto particularmente triste e difícil no nosso país, mantemos o foco e a vontade de implementar uma cultura de tolerância, de empatia e de respeito pelo outro – uma visão que deve partir das lideranças e chegar a todas as pessoas EDP, por forma a garantir que todos se sentem parte de um todo, que todos partilham e promovem esta cultura, e que os tempos de cada um são respeitados
POR PAULA CARNEIRO

O ano 2020 foi, para todos nós, um ano particularmente desafiante, quer a nível profissional, quer a nível pessoal. Por todo o mundo, e sem qualquer pré-aviso, as pessoas tiveram de se adaptar a um “novo normal”, uma das expressões que guardo do ano que passou. Mas 2020 foi também um ano de oportunidade, pois perante os desafios tivemos de ser criativos, resilientes e trabalhar, ainda mais e melhor, em conjunto.

Lembro-me bem do momento em que tomámos a decisão de “colocar” a maioria dos nossos colaboradores em casa – a incerteza, o receio do desconhecido, todas as dúvidas que começaram a surgir: “será que vamos ser capazes?”, “será que vamos conseguir cumprir os nossos objetivos”, “as nossas metas?”, “como vamos manter as pessoas ligadas?” – tudo isto soou como um alerta nas nossas cabeças, e acredito que estes foram sentimentos generalizados, e não só partilhados pelas lideranças.

Apesar do desafio inesperado, ao fim de poucos dias, todos nos mostrámos capazes e com vontade de ultrapassar, em conjunto, este momento. Quando olho para trás, sinto um orgulho enorme pela atitude de superação de todos os colaboradores do Grupo EDP, pela agilidade e resiliência com que se adaptaram a este novo contexto e pela confiança que depositaram na empresa.

Em abril de 2020, quase dois meses após o primeiro confinamento, lançámos um inquérito sobre o teletrabalho para medirmos o pulso da organização e conhecermos o que estavam as nossas pessoas realmente a sentir. Este inquérito destinou-se a todos os colaboradores – os que estavam em teletrabalho e os que estavam a trabalhar no terreno. É importante referir que, 28% dos nossos colaboradores, por força das funções que exercem, não puderam trabalhar remotamente – o que também foi um grande desafio, pois eram os colaboradores mais expostos, muitos deles com os filhos em casa e sem poder acompanhá-los.

Os resultados superaram as nossas expectativas, refletindo um aumento bastante positivo das percentagens de engagement (compromisso) e enablement (percepção de condições para a produtividade): cerca de 95% dos colaboradores do Grupo sentiam orgulho em trabalhar na EDP, e 89% consideraram que a EDP ofereceu as condições necessárias para adaptarem o seu trabalho à nova realidade.

A partir deste questionário, observámos também que ao nível do bem-estar e da saúde mental acresciam os desafios de isolamento e insegurança, maior stress e esforço diário reflexo do fecho das escolas, alterações nos hábitos de sono – para citar alguns dos fatores com maior impacto na vida das nossas pessoas.

Vivemos agora um segundo confinamento. Volvidos mais de dez meses do início da pandemia no nosso país, o cansaço, a incerteza, e as dificuldades adensam-se. Este novo confinamento parece estar a ser mais exigente. Os colaboradores revelam um cansaço maior, com especial incidência naqueles que têm filhos pequenos, mas também para o grupo de pessoas que, estando sozinhas em casa, revivem a situação de isolamento com maior frustração. O sentimento geral é de esperança que este seja um confinamento mais curto, e que o princípio da nova normalidade regresse em breve.

Reconhecemos todos estes obstáculos. E, por esse motivo, temos apostado no apoio, aos mais diversos níveis, a todos os colaboradores, inclusivamente aos nossos reformados. A EDP, enquanto Empresa Familiarmente Responsável, teve de reorientar e reinventar as medidas de conciliação da vida pessoal com a vida profissional à luz desta nova realidade para assim dar resposta às necessidades de bem-estar dos nossos colaboradores.

Neste ponto, destaque para o papel ativo que as empresas devem assumir na promoção do bem-estar dos colaboradores, sendo crucial dar prioridade à temática da saúde mental. Este foi, aliás, um dos aspetos positivos que esta pandemia trouxe, diria que a nível global – um novo olhar para a importância do bem-estar e da saúde mental. Vemos que, por todo o mundo, esta problemática começa a figurar nas agendas políticas e corporativas.

O tema da saúde mental já era, anteriormente, um ponto na agenda do Grupo EDP, mas é verdade que, foi em 2020, que o reconhecimento da sua importância assumiu novas proporções. Foram várias as iniciativas que surgiram para sensibilizar e consciencializar os colaboradores, como foi o caso do Programa Mind Your Mind – lançado no dia 10 de outubro para assinalar o Dia Internacional da Saúde Mental, e que se estendeu ao longo de todo o mês através de um ciclo de conversas com pessoas internas e externas à empresa, com a partilha de testemunhos reais que muito sensibilizaram os colaboradores do Grupo EDP.

Neste âmbito, consolidaram-se algumas medidas existentes, como a disponibilização de consultas de apoio psicossocial e a continuação da ginástica laboral, agora num formato digital. E surgiram também novas soluções, de índole prática, às quais muitos têm recorrido e reconhecido a sua relevância, como por exemplo a criação de uma linha de apoio à saúde e as consultas de nutrição gratuitas.

Em 2021, e apesar do arranque marcado por um contexto particularmente triste e difícil no nosso país, mantemos o foco e a vontade de implementar uma cultura de tolerância, de empatia e de respeito pelo outro – uma visão que deve partir das lideranças e chegar a todas as pessoas EDP, por forma a garantir que todos se sentem parte de um todo, que todos partilham e promovem esta cultura, e que os tempos de cada um são respeitados.

Simultaneamente, vamos continuar a trabalhar no robustecimento de um programa de bem-estar para todo o Grupo, que continue a desenvolver estratégias e criar soluções que promovam a saúde dos colaboradores e que protejam a sua saúde física e mental. Uma primeira medida que já temos prevista para o pós-pandemia é a adoção de um modelo de trabalho híbrido, ou seja, as nossas pessoas, cujas funções o permitam, vão poder trabalhar dois dias por semana de forma remota.

Têm sido, indubitavelmente, tempos desafiantes, mas acredito na energia das nossas pessoas, que dá corpo ao Grupo EDP e que, juntos, vamos conseguir superar este novo desafio.

Directora da People Experience Unit (Recursos Humanos Corporativos) da EDP