“As pessoas criativas colocam, muitas vezes, a ênfase na novidade: ‘esta é uma ideia nova, ninguém pensou antes nela’ e aí por diante. O problema é que a novidade nem sempre é uma boa moeda, mas sim um risco. Todavia, se a sua empresa se concentrar nos benefícios decorrentes das novas ideias, será mais fácil atingir a concordância para a sua implementação”. Mas, para tal, e como prescreve o reconhecido guru Edward De Bono, é necessário contratar um Chief Ideas Officer
Por RODOLFO OLIVEIRA*

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*Rodolfo Oliveira é consultor
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As economias e as empresas têm vindo a sofrer o impacto do crescente ritmo de mudança, o qual implica que os processos de inovação e de melhoramento interno tradicionais, habitualmente integrados numa área dentro da organização, podem ser ultrapassados pela nova realidade económica do dia-a-dia.

O formato fechado associado a estas estruturas impede o pensamento lateral de novas oportunidades, a avaliação de ameaças que não venham dos habituais espaços competitivos e a aceitação de novas soluções que não saiam directamente do grupo a elas dedicado. Poderá parecer uma questão óbvia e a que tendencialmente todos diremos que sim.

Mas o leitor faça um exercício simples – no último ano, quantas sugestões de gestão ou processuais foram recebidas  dos colaboradores da empresa, o que foi feito em relação a cada uma e como foi este processo comunicado internamente?  Muito provavelmente, a resposta será que nenhuma, o que não quer dizer necessariamente que ninguém tenha ideias, mas apenas que não estão criadas as condições para que este feedback seja trazido para dentro da organização ao nível da decisão, criando uma barreira interna e para fora da organização.

Adicionalmente, as empresas convivem com um excesso de dados provenientes das mais diversas fontes, muitas vezes não estruturada e relativamente à qual não existe capacidade de obter informação relevante para a gestão. Uma informação não trabalhada acaba por ter um efeito pernicioso para a organização, uma vez que tem todos os dados necessários para actuar sobre os problemas mas não dispõe das ferramentas e estrutura interna para compreender o problema e actuar.

Com estes dois pressupostos, e tirando partido do sentido de urgência associado a momentos de crise como a actual, deverá procurar alterar-se o modelo de funcionamento das organizações, agilizando processos e criando um sistema rápido de avaliação, definição e implementação de sugestões e inovações que venham de qualquer um dos interlocutores das organizações, sejam estes internos ou externos.

Uma forma de o fazer é centralizar esta responsabilidade numa função específica,  a que poderíamos chamar o Chief Ideas Officer (uma ideia já apresentada e defendida por autores como Edward de  Bono, autor do livro Lateral Thinking).

Este responsável teria como principal atribuição integrar a informação pertinente de negócio dos interlocutores da empresa – internos e externos – e retirar os dados relevantes para actuar de forma rápida e em antecipação.  Embora pareça ser uma tarefa facilmente integrável numa área dentro da organização, essa subordinação irá retirar eficácia e relevância ao trabalho aqui desenvolvido. A informação tem valor quando contextualizada para a organização, e tem de ser percepcionada como uma tarefa chave. As empresas que consigam integrar esta capacidade de análise da informação recebida e agir em tempo útil serão as que sairão mais fortes deste momento mais difícil.

Managing Partner da BloomCast Consulting