A propósito da Pós-Graduação em Gestão da Sustentabilidade do IDEFE/ISEG, o Instituto Superior de Economia e Gestão foi palco de uma conferência, a qual contou com oradores de referência que alertaram para a mudança de paradigma e para o repensar da temática da sustentabilidade na óptica das oportunidades de mercado emergentes, explorando novas abordagens
POR CAROLINA AFONSO*

Assente em três pilares (económico, social e ambiental), a sustentabilidade representa um desafio crescente para as organizações e empresas suscitando uma oportunidade para a inovação e diferenciação de mercado.

Como tal, a aposta na formação nesta área assume-se cada vez mais como uma mais-valia e um activo para as empresas que pretendam criar valor e inovar.

Pós-Graduação em Gestão da Sustentabilidade do IDEFE/ISEG aborda esta temática de forma integrada, combinando as componentes teórica e prática e oferecendo um programa transversal a todas as áreas da empresa, desde a gestão financeira, ao marketing e comunicação, à qualidade e recursos humanos, e ainda à responsabilidade social e corporativa.

De forma a sensibilizar o público para esta temática, decorreu no passado dia 5 de Junho (Dia do Ambiente), um evento sobre Sustentabilidade, Inovação e Empreendedorismo.

A conferência contou com oradores de referência da área e dá resposta à necessidade de uma mudança de paradigma e de repensamento da temática da sustentabilidade na óptica das oportunidades de mercado emergentes, explorando novas abordagens. Do programa fizeram parte as seguintes intervenções:

Helena Gonçalves (coordenadora científica da pós-graduação em Gestão da Sustentabilidade), que abordou a importância da formação na área da sustentabilidade, apresentando os factores diferenciadores da pós-graduação do ISEG/IDEFE e também o contributo que a instituição tem vindo a dar no ensino, na investigação e na sociedade. Na sua apresentação, a professora fez referência ao gap existente entre a preocupação ambiental e o comportamento, em conjunto com o reflexo que o mesmo tem vindo a ter também nas organizações. Segundo o estudo Sustainability Next Frontier (2013) do MIT & Boston Consulting Groupapresentado no evento, existem empresas denominadas por talkers (ou seja, as que se preocupam com a temática, na teoria, mas cuja preocupação não se traduz em acções concretas) e outras referenciadas como walkers (organizações em que a sustentabilidade já está enraizada na prática), sendo que o gap reside precisamente aqui, ou seja, na medida em existem, comparativamente, mais talkers do que walkers. A destacar o facto dos walkers, empresas que já percorrem o caminho da sustentabilidade com estratégia, reportam que esta aposta tem vindo a traduzir-se positivamente nos lucros, com destaque nas áreas da energia, indústria e produtos de consumo.

Por seu turno, Francisco Banha (Presidente da Federação Nacional de Associações de Business Angels – FNABA), evidenciou o papel do empreendedorismo em projectos na área, quais os incentivos e oportunidades existentes, alguns deles em Portugal, como o projecto Water Saver, um sistema de controlo do desperdício de água. O orador realçou também o facto de se estar a estigmatizar o conceito de empreendedorismo devido a uma mediatização excessiva do conceito. Na sua óptica, a atitude empreendedora não tem a ver com criar empresas, mas sim com a criação de valor.

Na área da sustentabilidade, existem diversos incentivos ao empreendedorismo (linhas de crédito, Business Angels – BA – sendo que só em Portugal, existem 16 clubes de BA e 15 milhões de euros para apoio a projectos até 30 de Setembro de 2015), sendo que no âmbito do programa COMPETE existe um valor total de 185 milhões de euros disponíveis que podem ser utilizados para modelos de negócio na área. Além da componente financeira, existe ainda um ecossistema de apoio ao empreendedor da qual fazem parte a FNABA, instituições académicas/científicas, infraestruturas tecnológicas e de acolhimento e incubadoras.

José Ferrari Careto (Administrador da EDP Soluções Comerciais) focou a sua apresentação em três áreas: a inovação da EDP em produtos e serviços; o serviço ao cliente e o contributo da empresa na área do empreendedorismo.

Na área da inovação em sustentabilidade o destaque foi para a oferta segmentada que a EDP oferece às PME de acordo com as suas necessidades energéticas e para o programa Negócios Verdes, em que, ao optarem por este serviço, as empresas têm direito a um certificado em como a energia utilizada nos seus estabelecimentos (por exemplo hotéis) é proveniente de fontes renováveis.

Na área do consumo, a EDP continua também a inovar sendo que lançou recentemente o Re:dy, um projecta 100% nacional que visa a monitorização do consumo doméstico. Sob o claim “assuma o controlo total da sua casa”, a adesão a este programa permite aos consumidores, através da instalação de uma box, conhecerem os detalhes sobre o consumo energético da sua casa, sendo que o podem fazer também remotamente com recurso a uma app.

Na área do empreendedorismo, a EDP tem tido igualmente um papel relevante com programas como o EDP starter, o EDP University Challenge ou o Prémio EDP Inovação.

O compromisso da EDP com a sustentabilidade é levado a sério, nas palavras do orador, e faz da EDP claramente um walker nesta área, sendo líder mundial em Utilities de acordo com o Dow Jones Sustainability Index.

João Amaro, fundador da Herback, personificou a atitude empreendedora, dando o seu exemplo de que com “pouco” se faz “muito” e de que “querer é poder”. Com 19 anos (sendo que actualmente tem 22) este estudante de Arquitetura Paisagista fundou a Herb Pack, uma marca de vasos que permitem o cultivo de ervas aromáticas, frutos ou flores a quem não tem um pátio ou jardim, ou seja, permitem a prática da chamada agricultura vertical. Por serem feitos de material geotêxtil, os produtos Herb Pack garantem durabilidade e resistência ao apodrecimento e às condições atmosféricas, fazendo deste um produto bastante ecológico.

O contributo do João foi precisamente o de ilustrar que existem oportunidades na área, que é possível arriscar com um baixo nível de investimento (no seu caso 220 €) e criar oportunidades de futuro na área da sustentabilidade (já tem várias propostas para exportar o seu produto), sobretudo numa fase em que o desemprego juvenil e qualificado é muito elevado.

No final, teve lugar um debate, bastante participado, entre todos os oradores e a audiência, moderado por Vítor Gonçalves (professor catedrático do ISEG), que destacou, uma vez mais, o papel que a Pós-Graduação em Gestão da Sustentabilidade tem na criação de valor na área, relembrando que as inscrições para o mesmo ainda se encontram abertas.

Coordenadora Executiva da Pós-Graduação em Gestão da Sustentabilidade do ISEG/IDEFE