Depois do secundário, devemos concentrar-nos em procurar a nossa verdadeira vocação e orientarmos o nosso futuro para seguir o caminho certo. Devem-se aproveitar todas as oportunidades, sempre com os pés bem assentes na Terra, mas sem medo de procurar novas experiências, que no meu caso foi ir para o estrangeiro. Porque as possibilidades abertas irão multiplicar-se
POR SARA NUNES

O meu nome é Sara Nunes, sou portuguesa e estou, neste momento, a frequentar o 3º semestre em Engenharia Informática, na Dinamarca.

Quando terminei o ensino secundário estava muito confusa. Isto deveu-se, provavelmente, ao facto de o ensino em Portugal não dar muitas perspectivas de uma vocação: a hipótese de explorarmos uma área específica ou realizarmos trabalhos práticos para descobrir aquilo de que realmente gostamos e para o qual estamos vocacionados. Decidi fazer uma pausa na educação, uma vez que as candidaturas na universidade não funcionaram nem correram como eu queria. Nem poderiam, se eu não sabia que curso queria.

Foi por esta razão que decidi fazer um “gap-year”, ano que serve para tentar encontrar “respostas”, algum tipo de orientação ou, por exemplo, ganhar experiência nesta ou naquela área, através das mais variadas formas. Nesse ano, trabalhei por algum tempo em Portugal e mais tarde fui viver para Londres durante alguns meses, onde também trabalhei. Nesse período de tempo, conheci várias pessoas e muito interessantes, que me ajudaram a decidir o meu percurso profissional.

A experiência de ter vivido em Londres fez com que, definitivamente, quisesse prosseguir os meus estudos no estrangeiro. Não escolhi Londres, uma vez que era muito caro, incluindo as propinas. Depois de alguma pesquisa, descobri que era possível estudar na Dinamarca gratuitamente, e foi assim que iniciei o meu caminho em direcção à Dinamarca.


Depois de reunir informações detalhadas sobre as condições na Dinamarca, as quais considero fabulosas, só posso agradecer o facto de poder beneficiar delas. Estou muito grata, por exemplo, por poder ter acesso a um serviço de saúde gratuito e extremamente eficiente e, entre outras coisas, viver num país que tem uma das taxas de criminalidade mais baixas do mundo. Por alguma razão é considerado o país mais feliz do mundo.

Como se isto não bastasse, sou agora responsável pela gestão do website português da Trendhim. Ser responsável pelo mercado português deixou-me apreensiva porque as inseguranças falam sempre mais alto, e a verdade é que eu não tinha muita experiência. Mas graças ao apoio dos meus superiores e colegas, em cerca de um mês tornei-me autónoma no meu trabalho. É fabuloso poder adquirir conhecimentos da minha área e o melhor de tudo é poder fazê-lo na minha língua materna.

[quote_center]O ensino em Portugal não dá perspectivas para descobrirmos a nossa vocação[/quote_center]

Outro facto que acabou por me ajudar imenso com a decisão de prosseguir os estudos na Dinamarca foi a possibilidade de ter ajuda financeira do Estado. Ser dependente dos meus pais era algo que sempre quis, mas pensei que nunca o poderia ser com esta idade. Mas a Dinamarca é, sem dúvida, o lugar certo para isto. Mensalmente, com 100 euros de subsídio de alojamento e 800 euros de subsídio de apoio ao estudante trabalhador por parte do estado dinamarquês, é muito confortável viver. Com isto, sou hoje capaz de me alimentar, gerir os meus gastos e despesas e, ainda, juntar algum dinheiro. Além disso, o salário mínimo é cerca de 15 euros por hora, subsídio de férias, reembolso de impostos automático e educação completamente gratuita. Existem também cursos de dinamarquês gratuitos numa escola de língua, bem como descontos para estudantes nas mais variadas áreas.


Resumindo, é normal não saber o que se quer fazer nos dez anos seguintes à escola, mas no futuro imediato devemo-nos concentrar fortemente em procurar a nossa verdadeira vocação e obter o máximo de informação para processar, de modo a que esta, em última instância, nos ajude a orientarmos o nosso futuro e seguir o caminho certo.

Devem-se aproveitar todas as oportunidades para ganhar experiência. Sempre com os pés bem assentes na Terra, é verdade, mas sem medo de querer procurar novas experiências, que no meu caso foi ir para o estrangeiro. Porque as possibilidades abertas irão multiplicar-se.

Se as exigências da universidade local são muito altas, isso não significa que seja o fim do mundo, porque existem outras possibilidades. Não devemos ter nenhuma espécie de vergonha em procurar uma universidade no estrangeiro ou qualquer outra alternativa. Depende da nossa própria atitude, maturidade e maneira de ser. Cada um é como cada qual, e nem todos encaram as situações, as adversidades e os desafios da mesma forma. O objectivo deste meu testemunho não é convencer pessoas a vir para a Dinamarca, mas sim mostrar o que se pode fazer quando temos força de vontade.

Estudante de Engenharia Informática na Dinamarca