É de origem portuguesa mas constitui hoje a maior campanha de reflorestação mundial, propondo-se plantar 400 milhões de árvores até 2030. Realiza, a 20 de Outubro, uma acção de manutenção de um ecossistema que será mantido nos próximos trinta anos, na qual são esperados cerca de mil participantes. Em entrevista ao VER, o CEO da Floresta Unida, David Lopes, explica como uma pequena organização nascida na Serra da Lousã reúne mais de oitenta mil voluntários dedicados à recuperação do património florestal
POR GABRIELA COSTA

© Floresta Unida

A Floresta Unida (FU) realiza a 20 de Outubro, na Lousã, o seu Encontro Anual, desta vez dedicado à dinamização de uma acção de manutenção da recuperação de um ecossistema florestal numa área plantada em 2007 e em  2010, num total de setenta mil árvores. A organização espera no evento a participação de mais de mil participantes, para além de diversas figuras públicas e representantes de organizações públicas e de mais de quarenta empresas nacionais e multinacionais que apoiam a iniciativa.

Esta organização sem fins lucrativos, que desde 2003 desenvolve e implementa acções e conceitos que permitem o apoio ao desenvolvimento sustentável do património florestal, é hoje, amaior campanha de reflorestação mundial, propondo-se plantar quatrocentos milhões de árvores até 2030.

Com sede em Portugal e representações em Espanha, França, Itália e Chile, a Floresta Unida tem, através de diversos programas, o objectivo de promover a recuperação de ecossistemas florestais públicos ou comunitários. Mas não só: a associação visa, ainda, apoiar o desenvolvimento científico do sector, desenvolver iniciativas de sensibilização das comunidades (por exemplo, em relação à plantação de espécies autóctones e ao combate à plantação de espécies exóticas com comportamentos invasores), e apoiar a formação profissional nesta área. A FU intervém também ao nível do flagelo dos incêndios florestais, desde a prevenção ao combate; e ao nível sanitário, apoiando o combate a pragas e doenças que colocam em risco o património florestal.

Como explica, em entrevista ao VER, o CEO da Floresta Unida, David Lopes, programas como o ‘400 Million Trees’, que ambiciona plantar quatrocentos milhões de árvores com trinta anos de gestão e o ‘Bosques da Sustentabilidade’, que tem como objectivo preservar, durante trinta anos, 150 milhões de árvores já implementadas, são alguns dos (bons) exemplos que distinguem a organização: “até ao momento, e em Portugal, a Floresta Unida já possibilitou  a plantação de mais de um milhão de árvores com trinta anos de gestão. A nossa organização acompanha sempre o desenvolvimento destas plantações”, garante.

Às acções de reflorestação, junta-se uma vertente educativa de não menos importância, graças à qual se soma hoje a sensibilização directa de mais de trinta mil crianças para a importância da sustentabilidade da nossa floresta, bem como uma adesão extraordinária de mais de oitenta mil voluntários que participam nas diversas actividades de plantação e manutenção do património florestal.

Fundamental, na actuação desta Associação, é o conceito de sustentabilidade que assegura acções continuadas, “que fazem parte de processos de gestão que garantem a adaptação, sobrevivência e autonomia dos ecossistemas florestais apoiados”, conclui. O segredo da sustentabilidade do projecto, esse está na “não utilização de fundos públicos e na ligação a patrocinadores sólidos”.

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David Lopes, CEO da floresta Unida
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A Floresta Unida, passou, em menos de uma década, de um projecto nacional de preservação do património florestal, sem quaisquer apoios oficiais, à maior campanha de reflorestação mundial, propondo-se plantar 400 milhões de árvores até 2030. Que balanço faz da actuação da FU, até hoje?
O balanço é, sem dúvida, bastante positivo. Desde 2003 até aos dias de hoje, cerca de 95% dos programas pensados e estruturados para o conceito da Floresta Unida estão em execução, nomeadamente o ‘400 Million Trees’ e o ‘Bosques da Sustentabilidade’, que pretendem, respectivamente, plantar 400 Milhões de árvores com trinta anos de gestão e garantir trinta anos de gestão a mais 150 Milhões de árvores já implementadas.

Até ao momento, a Floresta Unida tem já cerca de um milhão de árvores com trinta anos de gestão, mais de duzentas mil com gestão garantida e que já se encontravam implementadas, mais de trinta mil crianças sensibilizadas directamente, e uma adesão de mais de oitenta mil voluntários e participantes em diversas actividades de plantação e manutenção do património florestal.

Também desde 2003, diversas empresas e instituições têm patrocinado e apoiado a Floresta Unida. Estas empresas e instituições decidiram marcar a diferença apoiando o crescimento dos nossos projectos de desenvolvimento sustentável do património florestal, conseguindo assim dinamizar acções que não são pontuais mas que, pelo contrário, fazem parte de processos de gestão que garantem a adaptação, sobrevivência e autonomia dos ecossistemas florestais apoiados.

De que modo é gerido o financiamento do projecto e qual é hoje o investimento total no mesmo?
A Floresta Unida obtém os seus apoios financeiros apenas de empresas privadas patrocinadoras das acções que realiza. No entanto, quando falamos de investimento devemos sempre considerar o investimento financeiro e o investimento humano, o que torna difícil este cálculo. Podemos dizer que os investimentos são avultados, já que a nossa organização dinamiza todos os seus projectos florestais desde a sua génese, da análise e implementação à própria gestão.

Para além disso, em Portugal e principalmente nas delegações oficiais da organização em Espanha, França, Itália e Chile, são constantemente dinamizadas diversas actividades.

Qual é hoje o vosso âmbito de actuação ao nível da implementação de acções e conceitos que permitem o apoio ao desenvolvimento sustentável do património florestal, face aos objectivos centrais da Associação?
O principal objectivo da Floresta Unida passa sempre pela recuperação dos ecossistemas florestais. Contudo, para chegarmos a este objectivo necessitamos de apoiar a investigação científica, o controlo de pragas e doenças em áreas florestais e o apoio na formação profissional, na sensibilização de diversos grupos sinalizados pela organização, na melhoria da legislação dos diversos países onde actuamos.

Tudo isto sempre com o espírito de que qualquer acção deve ser ponderada e discutida com os técnicos  e operacionais do terreno e de que, no final, nenhuma decisão deve ser imposta com acções radicais ou extremistas, mas sim dialogando com todos os “players” florestais para demonstrar a importância das medidas.

Que avanços conseguidos pela FU destaca em cada uma dessas áreas de actuação?
Tendo em conta que o objectivo principal da Floresta Unida é a recuperação dos ecossistemas florestais poderíamos dizer que a grande maioria dos efeitos da nossa acção só serão visíveis ao fim de três décadas de existência de cada projecto implementado. Mas muito antes disso, houve já um grande número de objectivos cumpridos: é o caso da criação de compromissos com as entidades, as populações e as empresas no desenvolvimento dos projectos a longo prazo; ou a geração de sentido de responsabilidade nos mais jovens, para que estes compreendam a importância de gerir, manter e defender o património florestal.

Com quantos membros conta hoje a equipa da FU, em que países actuam e qual é o papel do trabalho voluntário para a prossecução dos vossos objectivos?
A nível nacional e internacional, a equipa conta com cerca de sessenta elementos de coordenação que colaboram em diversos regimes, e com cerca de 17 mil voluntários registados (alguns participam pontualmente e outros já possuem formação profissional para que, mesmo em regime de voluntariado, possam dinamizar acções com carácter mais técnico).

“Somos, por opção, uma organização sem qualquer apoio financeiro de qualquer Estado ou governo” .
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Em termos da parceria estabelecida para o vosso Encontro Anual, dedicado à manutenção das áreas plantadas em 2007 e em  2010, qual é a importância estratégica de contarem com o apoio de cerca de quarenta empresas e organizações?
No que refere ao evento anual da Floresta Unida que iremos dinamizar em 2012 em Portugal e onde vamos ter o apoio de quarenta das 130 empresas que apoiam a organização, temos de sublinhar que todas as empresas têm uma importância estratégica para a organização e para o projecto, já que somos, por opção, uma organização sem qualquer apoio financeiro de qualquer Estado ou governo. Sem a vontade destas empresas para apoiarem projectos que tenham continuidade seria impossível garantir a subsistência e independência do conceito da Floresta Unida.

Mantém-se então, como defendeu em 2009 ao VER, um apologista da estratégia de obter um grande contributo privado em detrimento da dependência de fundos estatais, mesmo face ao flagelo crescente dos fogos florestais, associado à diminuição de apoios financeiros e de infra-estruturas às corporações de bombeiros?
Tal como em 2009, nos dias de hoje a Floresta Unida pensa o mesmo. Os patrocinadores da Associação muito raramente estão com a organização apenas por meses ou até mesmo só por um ano e todas as empresas que pertencem ao grupo principal de patrocinadores são empresas sólidas, dinâmicas e que quando calculam qualquer tipo de apoio fazem-no pensando que têm de o cumprir.

A não utilização de fundos públicos e a ligação a patrocinadores sólidos são, sem dúvida, as premissas para o sucesso da organização. No entanto, aparecem continuamente novas necessidades e novas questões a resolver e para essas continuamos a procurar apoio dia-a-dia, tanto ao nível nacional como internacional. É importante dizer que qualquer empresa, independentemente da sua dimensão, pode colaborar com a Floresta Unida em alguma das vertentes que desenvolvemos.

A FU dedica este ano o seu Encontro Anual a uma acção de manutenção das área plantadas em 2007 e em  2010, com o objectivo de recuperar um ecossistema florestal que foi devastado pelo Nematodo do Pinheiro Bravo. Que antevisão faz do evento?
Participar em qualquer evento de recuperação de ecossistemas florestais da Floresta Unida é completamente diferente de qualquer acção do género que se conheça! Contamos sempre com participantes que vêm todos os anos e com novos participantes que experimentam e querem voltar.

Independentemente do factor crise prevemos uma adesão de mais de mil participantes, e esperamos a presença de inúmeras figuras e entidades públicas, para além de representantes das mais de quarenta empresas que apoiam esta iniciativa . Participar neste evento é fazer parte do processo de gestão destas árvores plantadas desde 2007.

Que resultados esperam obter da campanha que estão a difundir no Facebook – Faça um Like e Plante uma Árvore”?
A campanha tem sido um dos maiores sucessos dos diversos canais de comunicação que a organização dinamiza: desde Março de 2011 já conseguimos perto de dez mil fãs, com uma média de duas mil visualizações por cada post, com cerca de 65% de fãs nacionais e os restantes 35% dos cinco continentes. Trata-se de uma ferramenta que principalmente tem a preocupação de sensibilizar o público para a importância do património florestal.

Que futuras acções têm previstas?
O Calendário das próximas acções da Floresta Unida será conhecido em breve e estará disponível no nosso site e no Facebook. Mas desde já reforçamos a importância da presença do público em geral e das empresas neste nosso Encontro no dia 20 de Outubro. 

One ‘Like’ One Tree
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A Floresta Unida está a dinamizar uma acção que tem por objectivo fomentar a plantação de novas árvores, contribuindo para a reflorestação do nosso país.

A acção está a ser desenvolvida através da página da Fundação no Facebook, através da mensagem: “Por cada novo fã, plantamos uma árvore com trinta anos de protecção.”

A campanha insere-se no objectivo da iniciativa relativamente à sensibilização da população, em particular a mais jovem, para a importância da preservação dos ecossistemas e do património florestal. A acção nesta rede social já reuniu quase dez mil fãs.