A Microsoft é a melhor empresa para se trabalhar “não apenas devido àquilo que desenvolve mas devido à qualidade da própria cultura da empresa, que foi criada colectivamente pelos colaboradores”. O ranking do Great Place to Work Institute dedicado, pela primeira vez, às gigantes mundiais, coloca as organizações tecnológicas à frente no que toca a desenvolver e praticar uma cultura organizacional de excelência
POR GABRIELA COSTA

.
.
© www.greatplacetowork.com
.

A Microsoft é a melhor organização do mundo para se trabalhar, revela o ranking elaborado pelo The Great Place to Work Institute (GPWI) relativo a 2011, e apresentado a 27 de Outubro numa cerimónia realizada no New York Stock  Exchange, que distingue as 25 multinacionais que reúnem as condições mais favoráveis de trabalho, partindo de dois critérios tão básicos quanto essenciais: qual o nível de confiança dos colaboradores na organização, e que qualidade têm as relações existentes entre colaboradores, e entre estes e os seus dirigentes.

Esta é a primeira vez que o GPWI realiza uma avaliação integrada a nível global, tarefa realizada a partir de dados recolhidos através de inquéritos realizados a mais de 2,5 milhões empregadores, representando uma força de trabalho de 10 milhões de colaboradores; e da análise da cultura organizacional vigente em maais de 5 500 organizações, o que faz deste o maior e mais relevante estudo, na actualidade, dedicado à excelência no trabalho e às boas práticas de gestão.

Para Lisa Brummel, Chief People Officer da Microsoft, a multinacional “é a melhor coempresa para se trabalhar não apenas devido àquilo que desenvolvemos mas devido à qualidade da própria cultura da empresa, que foi criada colectivamente pelos nossos colaboradores”.

A empresa norte-americana lidera em 2011 no topo da lista das multinacionais onde os funcionários são mais felizes, seguida por várias organizações que operam no sector das Tecnologias de Informação e Comunicação: a SAS, a NetApp, a Google e a FedEx integram o pódio das cinco melhores. À sexta posição, ocupada pela Cisco Systems – que arrecadou o primeiro lugar em Portugal  -, seguem-se o Marriott, a McDonald’s, a Kimberly Clark e a SC Johnson, que completam o ranking das 10 Melhores Multinacionais para se trabalhar.

Segundo a publicação, o grau de confiança dos colaboradores na administração, o orgulho de trabalhar na empresa, um ambiente de camaradagem e o desenvolvimento de tarefas em função de um objectivo comum são os critérios dominantes para a atribuição do ranking.

Paralelamente, foram consideradas algumas qualidades específicas de determinadas empresas, como sucedeu em relação à filial canadense da Microsoft, onde os trabalhadores têm quarenta horas pagas anualmente para utilizar em actividades de voluntariado. Já na NetApp, o seu presidente agradece pessoalmente a cerca de trinta colaboradores o trabalho desenvolvido, a cada semana.

O Instituto avaliou ainda factores como benefícios de saúde e volume de negócios das empresas. Curiosamente, o valor dos salários não foi um factor muito determinante, sendo este um dos critérios menos valorizados. Por oposição, o respeito pelos líderes da empresa, o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, o tipo de trabalho que os colaboradores realizam e a qualidade da relação entre funcionários e liderança foram critérios de peso.

Para integrar esta lista, as empresas tinham que ter pelo menos cinco mil funcionários em todo o mundo, 40% dos quais a trabalhar fora do seu país de origem. Outro requisito foi terem integrado, pelo menos, cinco rankings nacionais em anteriores edições do Great Place to Work. O número de países em que a organização participou em rankings do GPWI também foi tido m linha de conta, nesta dicção dedicada às 25 Mehores Multinacionai a que se candidataram cerca de 350 organizações.

Confiança no topo do ranking
O Great Place to Work Institute (GPWI) elabora anualmente o ranking “As Melhores Empresas para Trabalhar” em 45 países do mundo, incluindo os Estados Unidos, todos os países membros da União Europeia, a Argentina, o Brasil, o Chile, a Colômbia, o México, o Peru, a Índia, o Japão, a Coreia, e, este ano também a China.

Cada lista destaca organizações de um país específico ou região do mundo, recorrendo à metodologia desenvolvida nos EUA, a qual indaga os colaboradores sobre o nível de confiança e a qualidade das relações existentes entre os seus pares e os seus líderes.

As empresas são depois seleccionadas com base nas respostas dos colaboradores ao questionário Great Place to Work Trust Index. O Trust Index é um instrumento que mede o nível de confiança, de orgulho e de camaradagem no ambiente de trabalho. Segundo o GPWI, as respostas dos colaboradores a este questionário, que é disponibilizado em papel ou via on-line a qualquer organização no decorrer do survey, “têm um peso significativo na nota final das organizações das Listas das Melhores Empresas P ara Trabalhar”.

O ranking “As Melhores Empresas para Trabalhar” avalia anualmente, em 45 países, o nível de confiança e a qualidade das relações existentes entre colaboradores e líderes .
.

O Trust Index inclui cerca de 79 afirmações a propósito das cinco dimensões que engloba o Modelo Great Place To Work: Credibilidade, Respeito, Imparcialidade, Orgulho e Camaradagem. A título de exemplo, a afirmação ‘Os superiores mantêm-me informado(a) sobre os assuntos e as alterações mais importantes na organização. São confiadas muitas responsabilidades aos colaboradores’, consta na dimensão Credibilidade, tal como ao nível do item Respeito, os respondentes se pronunciam, entre outras, sobre a afirmação ‘Os superiores ouvem-nos nas decisões que afectam as nossas actividades ou o nosso ambiente de trabalho. A organização disponibiliza cursos de formação ou de aperfeiçoamento com vista à minha valorização profissional’.

No final do survey, os respondentes têm a oportunidade de se exprimir através das suas próprias palavras, relativamente aos aspectos que tornam único o seu ambiente de trabalho, e àqueles que o tornariam num melhor lugar para trabalhar.

Adicionalmente, as informações que são utilizadas para seleccionar as organizações para o ranking a que se candidatam são reunidas no Great Place to Work Culture Audit, o questionário de avaliação dirigido à gestão, que é utilizado para conhecer melhor a cultura da organização. O GPWI recorre a este instrumento exclusivamente para as empresas participantes no Processo das Melhores.

O Culture Audit organiza-se em duas partes: na primeira, as questões referem-se à demografia da organização (número de colaboradores, turnovers, antiguidade na companhia, género, faixa etária ou função, por exemplo), sendo solicitadas informações gerais sobre a organização, como o ano de fundação, os rendimentos da mesma, a média de remuneração dos colaboradores e benefícios (por exemplo, existência de ginásio/creche nas instalações, seguros e flexibilidade de horário.

A segunda parte deste questionário é constituída por perguntas abertas que permitem à organização partilhar aspectos da sua cultura. As questões na Parte 2 estão relacionadas com o Modelo Great Place To Work, que é o foco desta componente da avaliação. É ainda considerada, na avaliação feita pelo Great Place to Work, informação recolhida por parte de “reputadas fontes”, tais como artigos publicados nos media sobre determinada empresa.

O Great Place to Work Institute, bem como as suas representações na Europa e ao nível de cada país, recusam qualquer tentativa de influência, via relações pessoais o compensações materiais, no processo de selecção das organizações candidatas ao ranking, sublinha a organização. Também as práticas de assessoria e consultoria (embora ajudem as organizações “a tornarem-se melhores para trabalhar”) “não contribui para que estas constem da lista”.

A bem da transparência, antes de participarem no processo de avaliação, os responsáveis envolvidos na selecção das organizações para a lista devem ainda assinar acordos de confidencialidade e conflitos de interesse. Naturalmente, está garantida a confidencialidade da informação recolhida em cada organização, bem como todas os dado constantes nos processos de candidatura.

Portugal: Cisco, Microsoft e Chep com menções RSE
Com base nos estudos nacionais de países europeus, o Great Place To Work Institute Europe lançou em 2003 uma competição anual para seleccionar as “100 Melhores Empresas para Trabalhar na Europa”. Na altura o consórcio foi contratado pela Comissão Europeia e a primeira lista envolveu todos os países membros da União Europeia, à data. Já anteriormente, este instituto havia realizado pesquisas em vários países europeus, incluindo Portugal, a par da Dinamarca, Suíça, Itália ou Reino Unido.

Em Portugal, as Melhores Empresas para Trabalhar em 2011 foram conhecidas no final do primeiro trimestre do ano. Entre as trinta melhores organizações, distinguem-se a Cisco, que arrecadou o primeiro lugar no ranking. Já nas diferentes categorias por dimensão destacaram-se a Chep (menos de 100 colaboradores), a Cisco (entre 100 a 250 colaboradores) e a Microsoft (mais de 251 colaboradores).
Uma “forte presença de organizações portuguesas” (nove, no total), marcou esta edição, a exemplo do que sucedera m 2010, com a ROFF a ser considerada a melhor empresa portuguesa para trabalhar em Portugal.

Para além da grande vencedora deste ano, a Cisco Systems, as organizações que integram o ranking das 30 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal, nos mais diversos sectores de actividade, são: Microsoft Portugal, Everis Portugal, ROFF, Maksen, Chep, BMW Portugal, Diageo Portugal, Medtronic Portugal, Grupo CH Consulting, Mars Portugal, Mercedes Benz – Financiamento, Danone Portugal, Siscog, Roche Farmacêutica Química, O Boticário, HUF Portuguesa, Baxter – Médico Farmacêutica,  Johnson’s Wax de Portugal, SAS Institute, Mind Source, Barclay’s Bank, SMAS Oeiras e Amadora, Mercer, Beiersdorf Portuguesa, Teleperformence Portugal (Lisboa – Estefânia), Leadership Business Consulting, E.Value, Grünenthal e Parque Escolar, EPE.

O Great Place to Work Institute reconheceu, ainda, as empresas mais bem sucedidas na satisfação de três grupo específicos: a Melhor Empresa para Trabalhar para Mulheres, galardão atribuído à Cisco Systems; a Melhor Empresa para Trabalhar para Jovens, onde se distinguiu a Maksen e a Melhor Empresa para Trabalhar para Executivos, que laureou a Everis Portugal.

No âmbito da RSE, ao invés de uma vencedora, foram atribuídas três Menções Honrosas às empresas Cisco, Microsoft e Chep. O prémio de Liderança e Formação para a Sustentabilidade foi atribuído à Chep, pelas práticas mais integradas no modelo de gestão.

À semelhança do ranking global, o estudo do GPWI  Portugal visa reconhecer as organizações que marcam a diferença para os seus colaboradores e identificar as melhores práticas de gestão de pessoas existentes no mercado. Pretendemos envolver o maior número possível de organizações portuguesas.

Aprender e partilhar como se trabalha melhor
© www.greatplacetowork.com

A Great Place to Work Conference realize-se a 28 e 29 de Março, em Atlanta, nos EUA. Cerca de oitocentos executivos e líderes em Estratégia estarão reunidos para um encontro onde aprender e fazer networking se apresentam como uma oportunidade única. CEO’s, directores de Recursos Humanos e gurus da Comunicação trazem à conferência Great Place to Work 2012 as suas perspectivas sobre temáticas como a importância das pessoas nas organizações, a cultura praticada no local de trabalho e a eficácia organizacional.

Conheça AQUI a agenda do evento

https://ver.pt/Lists/docLibraryT/Attachments/1306/hp_20111103_MicrosoftOuAexcelenciaNoTrabalho.jpg