Criado pela Boehringer Ingelheim, o projecto “Missão Inovar é Possível” desafia jovens que têm um percurso escolar marcado pelo insucesso e desmotivação, da Escola D. João V do agrupamento da Amadora, a lançarem um novo medicamento. Em entrevista ao VER, Vanessa Jacinto, Head of Market Access and Public Affairs da empresa farmacêutica, explica que esta iniciativa pretende “reforçar as capacidades destes jovens para a tomada de decisões, garantindo o seu crescimento enquanto pessoas e cidadãos” e dotando-os de maior sensibilização para “a escolha das suas vocações futuras”
POR MÁRIA POMBO

Desenvolvido no âmbito da estratégia de responsabilidade social da empresa Boehringer Ingelheim (BI), o projecto “Missão Inovar é Possível” visa ter um impacto positivo na procura de soluções para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), focando-se especificamente no número 4 (que visa a promoção de uma educação de qualidade). Desafiando os alunos com um percurso escolar difícil e que frequentam a Escola D. João V do agrupamento da Amadora, esta iniciativa pretende dar-lhes ferramentas úteis para a sua vida, capacitando-os para a escolha de vocações futuras.

Em entrevista ao VER, Vanessa Jacinto refere que “ter um contacto mais próximo com a realidade empresarial, levar estes jovens a tomar decisões que terão implicações no seu plano, com base em conhecimento adquirido, o trabalho de equipa e o trabalho com diferentes pessoas, perspectivas e experiência, são ferramentas fundamentais a desenvolver para o seu futuro profissional”.

Complementarmente, a Head of Market Access and Public Affairs da BI sublinha que “ajudar a abrir o campo de visão destes alunos através do aconselhamento prestado, pode ter um impacto bastante grande na vida de cada um deles e consequentemente no nosso futuro enquanto sociedade”. E não tem dúvidas de que “quanto maior o conhecimento, maior a preparação e capacidade para tomarem boas opções para o futuro”.

“A responsabilidade social constitui um elemento importante da cultura institucional na Boehringer Ingelheim”. De que modo é que projectos como o “Making more Health” e o “Inovar é divertido” ajudam a empresa a ser socialmente mais responsável? Qual é o verdadeiro impacto de cada um destes projectos na vida dos cidadãos?

A responsabilidade social é um elemento estruturante para a Boehringer Ingelheim, que reforça o seu propósito de criação de valor partilhado através da inovação. Faz parte da cultura da BI e temos, a nível mundial e local, uma série de iniciativas que nos permitem afirmar que esta componente é indissociável de todas as outras actividades da empresa. Essas iniciativas envolvem doentes, as comunidades onde estamos inseridos e a sociedade em geral. Temos como principal objectivo ter um papel socioeconómico mais activo, contribuindo para melhoria da comunidade que nos rodeia.

A “Making More Health” é uma iniciativa global da empresa que tem o objectivo de contribuir para um mundo com mais saúde para a comunidade e para os animais. Apoiamos empreendedores e o pensamento empreendedor social para criar soluções inovadoras e com impacto social na área da saúde.

Através do programa “Inovar é Divertido”, inspirado na filosofia da BI – «Valor através da Inovação» -, temos tido, desde 2016, uma aposta constante em diferentes actividades. Começámos por trabalhar nas escolas do 1º Ciclo para sensibilizar as crianças na sua capacidade de inovar e estamos agora noutra fase do projecto, trabalhando com jovens na orientação do seu percurso profissional, através do projecto “Missão Inovar é Possível”. Por outro lado, temos tido sempre parcerias com associações de doentes em acções que promovem a inclusão e a diversidade e que visam chamar a atenção para os direitos que essas crianças doentes ou com deficiência têm de um futuro com as mesmas oportunidades.

Paralelamente, e com foco noutra camada da população – os idosos – levámos a inovação a centros de dia através da terapia com animais. O objectivo foi trabalhar com os idosos e os animais, proporcionando momentos de bem-estar físico e emocional, ao mesmo tempo que vamos estimulando as suas competências cognitivas, motoras e sociais. As reacções são extremamente positivas e acreditamos que estamos a fazer a diferença. É claro que todas estas actividades contam com os voluntários da BI que cedem o seu tempo para colaborar com estas iniciativas e sem os quais nada disto seria possível.

O projecto “Missão Inovar é Possível” desafia jovens alunos que têm um percurso escolar marcado pelo insucesso e desmotivação a lançarem um novo medicamento. Por que motivo a equipa da Boehringer Ingelheim optou especificamente por lançar este desafio junto de jovens com estas características? E quais são as estratégias que vos permitem cativar estes jovens e garantir que se mantêm interessados e empenhados em todas as etapas?

Este projecto surge como desenvolvimento natural do trabalho desenvolvido pela BI no âmbito da sua estratégia de responsabilidade social que, entre outros objectivos, visa impactar de forma positiva os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), neste caso específico, o objectivo 4 – Educação de qualidade.

A BI acredita que o acesso a educação de qualidade e as ferramentas capacitadoras do desenvolvimento humano têm uma grande influência na saúde e, por consequência, na sua actividade enquanto empresa, permitindo ajudar a combater desafios como a iliteracia em saúde.

Este projecto insere-se neste propósito e vem de forma inovadora dar resposta a três objectivos. Capacitar jovens com contextos sociais e académicos frágeis para a escolha das suas vocações futuras, dotando-os de conhecimento e ferramentas que os ajudam em momentos decisivos das suas vidas é o primeiro objectivo. Por outro lado, envolver voluntários da BI, enquanto mentores destes jovens, promovendo assim o compromisso e o forte envolvimento da empresa e seus colaboradores. E, por fim, procuramos trazer a gamificação para projectos de impacto social, através de um projecto inovador, credível e passível de ser medido pelo seu impacto.

Ao ser feito com a chancela de uma instituição como a EPIS – Empresários pela inclusão Social, tem garantido o seu enquadramento, actual e futuro, junto da escola onde está a ser realizado e daquelas onde poderá chegar.

Minimizar o insucesso e abandono escolar é o grande objectivo da Missão Inovar é Possível”. Que ferramentas ou capacidades irão ser trabalhadas/estimuladas ao longo das diversas etapas e que permitem minimizar o insucesso e abandono escolar?

A opção por um modelo de jogo foi fundamental para garantir o envolvimento dos jovens. Um formato com maior elasticidade, pouco conservador, que transmite conhecimento, consegue gerar competição saudável entre equipas, reforça o espírito de grupo e a auto-estima, ao mesmo tempo que é extremamente divertido pelo seu formato de jogo e toda a envolvência de missão a cumprir, com várias etapas que se encontram nas mãos dos jovens alunos e dos seus mentores.

Neste “jogo” que visa realizar o lançamento de um novo medicamento, os jovens terão um conjunto de desafios que exigem a tomada de muitas decisões, em áreas como o Marketing, Logística, Vendas, entre outras. Pretende-se assim reforçar as capacidades destes jovens para a tomada de decisões, garantindo o seu crescimento enquanto pessoas e cidadãos e permite-lhes um maior conhecimento sobre o mundo empresarial e as várias opções e profissões. E este é um objectivo importante, principalmente se tivermos em conta o contexto socioeconómico dos jovens a quem este projecto se dirige e pelo facto de se encontrarem no 9º ano de escolaridade, fase da vida onde terão que fazer escolhas com impacto no seu futuro.

E qual é o papel dos especialistas da Boehringer Ingelheim que se voluntariaram para apoiar os jovens?

Todas as missões deste business game vão ser apoiadas e orientadas por mentores voluntários da BI, especialistas nas diferentes áreas. Os mentores reúnem-se com as suas equipas diversas vezes ao longo dos quatro meses de duração deste jogo, ajudando, motivando, guiando e lançando desafios, que ajudem os alunos a cumprir a missão que têm em mãos e a desenvolver competências a diversos níveis.

O Missão Inovar é Possível tenta, através de uma linguagem que lhes é próxima e de um modelo que premeia sobretudo o empenho, a evolução e a criatividade, o espírito de equipa, sem julgamento ou avaliação de capacidade, contribuir para que cada aluno se sinta um agente numa missão, para a qual o seu contributo é fundamental.

Pensando mais a longo prazo, de que modo é que o envolvimento destes jovens num projecto desta natureza os pode ajudar na sua vida futura?

Consideramos que ter um contacto mais próximo com a realidade empresarial, levá-los a tomar decisões, que terão implicações no seu plano, com base em conhecimento adquirido, o trabalho de equipa e o trabalho com diferentes pessoas, perspectivas e experiência são ferramentas fundamentais a desenvolver para o seu futuro profissional.

Acreditamos muito nas capacidades dos jovens e esta missão vem ajudar a que tenham um maior nível de conhecimento sobre as várias opções e profissões existentes numa empresa. Quanto maior o conhecimento, maior a preparação e capacidade para tomarem boas opções para o futuro. Esta premissa é mais forte quando actuamos junto de jovens que muitas vezes têm um total desconhecimento das opções que podem vir a ter, estão desmotivados e resignados perante um futuro que se apresenta de forma limitada.

Ajudar a abrir o campo de visão destes alunos através do aconselhamento prestado, pode ter um impacto bastante grande no futuro de cada um deles e consequentemente no nosso futuro enquanto sociedade.

O medicamento a ser lançado vai permitir ajudar pessoas com Diabetes. Existe algum motivo em particular para a escolha desta doença enquanto alvo? Qual é o impacto que uma solução para este problema pode ter junto dos jovens e da comunidade onde estes se inserem?

Além da diabetes ser a epidemia do século XXI, um dos nossos objectivos era optar por uma patologia que fosse do conhecimento geral de todos e que, possivelmente, todos conhecessem alguém entre a família ou no círculo de amizades com a doença. Pensámos que esta poderia ser uma motivação para desenvolverem o plano para este medicamento. Quisemos igualmente colocá-los em contacto e a investigar sobre as causas desta doença, como também funcionar como uma forma de alerta para a adopção de comportamentos e estilos de vida mais saudáveis.

Por outro lado, quisemos que a área escolhida tivesse ligação directa à BI, pela capacidade de assim poder transmitir conhecimentos técnicos de forma credível e dotar os alunos de ferramentas sociais que são utilizadas pelos profissionais da empresa nos seu dia-a-dia.

Jornalista