Já imaginou receber tratamentos personalizados e individualizados de acordo com o seu DNA ou ter uma aplicação no seu telemóvel que lhe sugira a ementa para o jantar, tendo em conta os seus gostos, restrições alimentares ou condições de saúde? Muito em breve tudo isto fará parte das nossas rotinas diárias. Não se trata de futurismo, já é real
POR ANTÓNIO PIRES DOS SANTOS

A IBM está a trabalhar para colocar à disposição dos cidadãos todas as potencialidades oferecidas pelo IBM Watson, considerado já o expoente máximo dos super-sistemas que marca o início de uma nova era das tecnologias de informação: a computação cognitiva.

Vale a pena conhecer a sua história. O IBM Watson surgiu de um projecto de investigação da IBM Corporation que se iniciou no ano de 2005 e, desde então, tem sido alvo de muito esforço de investigação, de muito talento e de muitos recursos e investimentos.

Em 2011 é apresentado ao mundo e ganha notoriedade pela sua participação no programa televisivo norte-americano Jeopardy!, um quiz show de perguntas e respostas sobre história, literatura, cultura ou ciência, de onde saiu vencedor depois de enfrentar os dois melhores concorrentes de sempre do programa. Para lhe conferir todo o mérito que merece, há que dizer que o IBM Watson não estava conectado à Internet: ganhou o desafio apenas com base nos dados que tinha acumulado ao longo de anos de interacção e aprendizagem através de análise estatística e processamento de linguagem natural.

E se, à época, já se destacava como uma plataforma tecnológica pioneira, capaz de processar um grande volume de dados, procurando resolver os problemas relacionados com o Big Data e os dados não estruturados incessantemente produzidos, hoje o IBM Watson é 24 vezes mais rápido, mais inteligente, com uma melhoria no desempenho na ordem dos 2400%, e uma diminuição de tamanho de cerca de 90% em relação à sua primeira versão.

Mas o que o torna tão único? O IBM Watson supõe a integração de três capacidades que o distinguem da informática como a conhecíamos até agora. Por um lado, ao compreender e processar linguagem natural, por outro, ao analisar os dados – realizando inferências, descobrindo novas relações, apontando hipóteses e encontrando respostas mesmo entre os dados não estruturados, 80% dos dados actuais –, e, por fim, ao aprender de forma dinâmica, saindo do paradigma que limita os sistemas a fazer apenas aquilo para que foram programados. Ou seja, enquanto uma pesquisa num qualquer motor de busca devolve um conjunto de resultados, o IBM Watson oferece-nos de forma clara e directa a resposta que procuramos, comprovando a sua poderosa e imensa aplicabilidade.

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O IBM Watson já está, por exemplo, a revolucionar a forma como se pratica medicina. Há milhares de doenças no mundo e algumas levam anos a diagnosticar e a tratar. Como é que os médicos encontram a informação que realmente necessitam, quando o conhecimento sobre o nosso organismo duplica a cada cinco anos? Este sistema cognitivo proporciona o armazenamento de registos médicos electrónicos e de toda a informação de um paciente – sintomas, notas médicas, consultas e historial de família –, que, posteriormente, graças à capacidade analítica do Watson na pesquisa automática de todos os textos, e ainda de materiais de referência, casos prioritários e todo o conhecimento mais recente publicado em jornais e literatura médica, consegue propor o melhor diagnóstico e tratamento.

Neste âmbito, no campo da genética, a IBM e o Centro de Genética de Nova Iorque (NYGC, na sigla em inglês) anunciaram no final do ano passado uma parceria inédita para acelerar a nova era da medicina personalizada, mediante o DNA de cada pessoa, fazendo uso do sistema cognitivo IBM Watson. Está já a ser testado um protótipo do Watson, projectado especificamente para a investigação genómica, e utilizado como uma ferramenta que procurará ajudar os especialistas em oncologia a oferecer cuidados de saúde individualizados, personalizados e mais eficazes aos doentes com cancro.

[pull_quote_left]O IBM Watson marca o início da era da computação cognitiva, numa relação mais natural entre o homem e o computador[/pull_quote_left]

Mas se o IBM Watson começou por ser aplicado à saúde, as suas potencialidades já se estenderam às mais diversas indústrias, desde o retalho, à banca, à educação, às telco, aos transportes, ao turismo e à culinária. Sim, também à culinária.

O IBM Chef Watson é uma ferramenta que promete transformar a forma como cozinhamos. Ao contrário dos livros convencionais e aplicações sobre receitas, através das suas capacidades cognitivas e analíticas, o Chef Watson adapta as receitas a cada indivíduo de acordo com os seus gostos, restrições alimentares ou condições de saúde. Isso significa que, se por exemplo é alérgico ao glúten, ao marisco, ou a qualquer outro ingrediente, não precisa passar horas até encontrar uma nova receita para o jantar. O Chef Watson faz esse trabalho por si.

Mais recentemente, na área da educação, a tecnologia IBM Watson começou a ser aplicada a brinquedos educativos interactivos programados com personalidade, factos e até piadas. Os CogniToys são pequenos dinossauros com um ar amigável, capazes de interagir de forma muito natural com as crianças, respondendo a todo o género de questões que se lhes possam colocar. Bastando para tal carregar num botão central na barriga do boneco. Esta ferramenta, que procura acompanhar a criança no seu percurso escolar, é como um novo amigo que está à disposição para ouvir e tirar qualquer dúvida que possa surgir.

O IBM Watson é, na realidade, uma nova forma de interagir com as tecnologias de informação, sendo muito fácil fazer perguntas e obter respostas. Este sistema faz o que nós humanos não conseguimos fazer, que é absorver milhares ou milhões de documentos em tempo útil de modo a obter a melhor resposta. Mas, em vez de tentar substituir-nos, procura ajudar-nos a tirar partido do que melhor sabemos fazer e num tempo recorde. Tudo isto, numa relação mais natural entre o homem e o computador, em que as suas aplicações e potencialidades são infindáveis…

Director de Desenvolvimento de Negócio para a IBM Espanha, Portugal, Grécia e Israel