Atendendo aos compromissos assumidos pelo Governo de Portugal ao nível do clima, energia renovável, biodiversidade, fiscalidade verde, financiamento sustentável, entre outros, torna-se essencial que instituições de ensino consigam capacitar as gerações mais novas para os empregos do futuro assentes na economia verde. Essencial será também capacitar todos os jovens que desejem enveredar por este novo modelo económico através de competências adquiridas nas escolas e universidade e sem constrangimentos financeiros

POR SOFIA SANTOS

O número de empregos verdes em Portugal é desconhecido, mas poderia ser contabilizado. Em Itália, e de acordo com um relatório anual publicado pela GreenItaly, em 2020 existiam 3,1 milhões de italianos a trabalhar na economia verde, cerca de 432 mil empresas tinham investido na mesma nos últimos cinco m anos e a sua taxa de crescimento tinha sido de 3,4% entre 2017 e 2018. A Inglaterra estima que, até 2030, cerca de 694 mil empregos poderiam ser criados, atingindo os 1.18 milhões em 2050. É certo que as metodologias de cálculo devem ser diferentes, mas o que é relevante é que os países já necessitam de calcular esse potencial. E em Portugal? Quais são os potenciais empregos verdes em 2030 e 2050? E quais são as competências necessárias para neles trabalhar?

No estudo realizado em Itália, identificam-se os seguintes empregos como sendo os que maior potencial têm para serem valorizados:

– Cozinha sustentável – valorizando a componente da alimentação saudável e com menores impactes ambientais;

– Técnicos especializados em instalação e manutenção de equipamento energeticamente mais eficientes;

– Oficinas para viaturas eléctrica;

– Peritos em desenho de implementação de sistemas de energia eficientes;

– Consultor de materiais sustentáveis para a construção;

– Mecânicos industriais capazes de adaptar as maquinarias antigas aos novos processos mais eficientes;

– Advogados na área Ambiental;

– Ligação entre Tecnologia e Ambiente;

– Especialistas em contabilidade verde.

 

Adicionalmente e de acordo com um artigo publicado pela Zurich, existem muitas outras alternativas na área do trabalho verde. Na realidade e com base em estimativas apuradas pela Organização Internacional do Trabalho, está prevista a criação de 18 milhões de postos de trabalho líquido a nível mundial para a economia verde.

O estudo da Zurich identifica as seguintes áreas com potencial sucesso: 

– Agricultor urbano;

– Construtor ecológico;

– Engenheiro/a de energia renovável;

– Especialista em gestão de resíduos/economia circular;

– Perito em sustentabilidade.

Atendendo aos compromissos assumidos pelo Governo de Portugal ao nível do clima, energia renovável, biodiversidade, fiscalidade verde, financiamento sustentável, entre outros, torna-se assim essencial que as universidades consigam capacitar as gerações mais novas para os empregos do futuro. 

É assim ótimo termos a oportunidade de vermos várias universidades portuguesas a avançarem neste sentido, com cursos de pós graduações, cursos de executivos e MBAs onde a sustentabilidade é o tema central, ou é incluída os mesmos de forma transversal. A grande necessidade surge na democratização da educação para a sustentabilidade, devendo esta ser acessível a todos os alunos, quer do secundário quer do ensino superior, e de forma transversal e específica dentro de cada curso ou área de especialização. 

Atualmente apenas quem tem acesso a financiamento é que consegue adquirir este conhecimento. O que não qualquer sentido. Faz sentido, sim, que todos os jovens consigam capacitar-se para os empregos do futuro, e que consigam obter essas competências nas escolas secundárias e universidades. Este conhecimento é particularmente importante para os cursos de gestão, economia e finanças, que geram decisores políticos e empresariais, e que necessitam de conhecer os desafios e oportunidades de toda esta mudança que este modelo económico nos trás. Citando a estratégia de sustentabilidade do ISEG para 2030, é preciso “Melhorar a gestão empresarial desconstruindo os modelos disciplinares correntes, reconstruindo processos de integração que criam valor social e financeiro em prol de negócios, produtos e serviços sustentáveis…” reconhecendo que “…Os estudantes serão veículos criadores de modelos de negócios ou de organizações sustentáveis”.

CEO da Systemic