A Economia Criativa “deve ser entendida como uma das principais estratégias de desenvolvimento para o século XXI”. Quem o diz é o director geral do AUDAX, para quem “a cultura é uma das principais riquezas do país”, que pode e deve ser transformada “em valor económico e social”. Em entrevista, Luís Matos Martins apresenta o novo Programa de Formação em Empreendedorismo Cultural e Indústrias Criativas do Centro de Empreendedorismo da ISCTE Business School
POR GABRIELA COSTA

© AUDAX/ISCTE-IUL

O AUDAX – Centro de Empreendedorismo da ISCTE Business School, desenvolveu um programa de formação para desenvolver as capacidades empreendedoras na área cultural e das indústrias criativas. Com arranque anunciado para 20 de abril, esta formação quer pôr à disposição dos empreendedores culturais e criativos um conjunto de ferramentas que lhes permitam desenvolver as suas ideias de negócio.

Desenvolvido para potenciar capacidades empreendedoras e ideias de negócio na área cultural e criativa, o Programa Empreendedorismo Cultural e Indústrias Criativas visa capacitar, ao nível de liderança e gestão de projectos, todos os interessados em processo de arranque ou consolidação dos seus projectos de negócio.

Com um Plano de Estudos que aborda áreas como a gestão de Recursos Humanos, Finanças, Empreendedorismo Cultural e Marketing, a formação aposta ainda na apresentação de casos de sucesso nas indústrias criativas e no debate sobre temáticas como Redes Sociais, Enquadramentos Jurídicos, Networking e Fontes de financiamento.

Este programa deverá permitir, também, o contacto directo entre empreendedores e parceiros do AUDAX, tendo em vista a implementação e o apoio das suas ideias de negócio. A oportunidade terá lugar a 28 de Junho, na Conferência Anual do AUDAX, este ano sobre a temática do Empreendedorismo Cultural e Industrias Criativas, onde estarão presentes “potenciais financiadores e a rede de parceiros do AUDAX-IUL”, adianta Luís Matos Martins, director do AUDAX: “existe uma clara vontade e motivação em desenvolver momentos que possibilitem a criação de novos negócios ou projectos”, garante ao VER.
As inscrições poderão ser realizadas até 13 de Abril.

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Luís Matos Martins, director geral do AUDAX
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O Programa de Formação para Empreendedorismo Cultural e Indústrias Criativas visa disponibilizar ferramentas que permitam aos profissionais nesta área desenvolver ideias de negócio sustentáveis. Como surgiu a ideia de conceber esta primeira edição e qual é a sua oportunidade, no actual contexto socioeconómico?
As organizações culturais, que integram o sector das indústrias criativas, têm vindo a adquirir uma crescente importância como recurso para o desenvolvimento social e económico do país, devendo a Economia Criativa ser entendida como uma das principais estratégias de desenvolvimento para o século XXI. Neste sentido, pouco se tem reflectido sobre a formação de empreendedores culturais e criativos como profissionais capacitados a criar, organizar, gerir e desenvolver projectos e negócios de modo sustentável, ao invés da excessiva dependência do Estado ou de patrocinadores privados.

A Economia Criativa tem especial importância, considerando que a cultura é uma das principais riquezas do país, pelo que é importante compreender como transformar esta riqueza em valor económico e social. Este programa de formação resulta da vasta experiência do AUDAX, enquanto Centro de Empreendedorismo, e dos docentes do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, testemunhos de empreendedores e experts da área.

O Mestrado em Gestão de Mercados da Arte, leccionado pelo ISCTE-IUL e coordenado por Alexandra Fernandes, docente que integra o Conselho Cientifico deste Programa de Formação, foi classificado na 23ª posição no ranking mundial desta área.

Sendo um potencial recurso para o desenvolvimento económico e social, em que medida pode a Economia Criativa contribuir para uma estratégia de crescimento de Portugal, nomeadamente ao nível da geração de emprego?
A Europa necessita de investir no  sector cultural e criativo, contribuindo para o crescimento económico, promoção do emprego, inovação e coesão social. Reconhecendo o papel das Indústrias Criativas, multiplicam-se as iniciativas ao nível Europeu de incentivo à área cultural e deste sector, sendo o Programa lançado pela Comissão Europeia, Europa Criativa, um desses exemplos.

Portanto, para tal, há que potenciar as relações de Portugal com o Mundo, desenvolver e contribuir para um emprego mais qualificado, sendo importante capacitar os agentes culturais de competências e conhecimentos em áreas como a Gestão e o Marketing.

A exemplo de qualquer outro empreendedor, quais são os skills fundamentais que um empreendedor cultural deve apreender, para se capacitar para criar, gerir e desenvolver projectos e negócios sustentáveis e inovadores?
Todo e qualquer empreendedor deverá ser um verdadeiro gestor. Não no sentido em que mais o identificamos, mas essencialmente um gestor das mais diversas áreas: um gestor de emoções, de recursos humanos e temporais; um gestor de relações entre clientes,  fornecedores e parceiros; um gestor de recursos financeiros e materiais. Para tal, o seu sentido de liderança é fundamental.

Por outro lado, actualmente vivemos num mercado global, em constante transformação e em que a tecnologia acaba por funcionar como um acelerador desse mesmo mercado. Temos um cliente mais conhecedor daquilo que consome e mais selectivo nas suas opções. Como tal, é importante que todo e qualquer empreendedor tenha uma busca constante pela aprendizagem. E por último, pela própria dinâmica do mercado, é ainda importante a capacidade de adaptabilidade aos nossos mercados e conhecer bem os nossos clientes.

“Todo o empreendedor deverá ser um verdadeiro gestor. Não no sentido em que mais o identificamos, mas um gestor de emoções, de relações e de recursos” .
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O Programa funciona em ciclos especializados ministrados através de uma metodologia interactiva, que integra debates e case studies com os conteúdos teóricos. Quais são os grandes objectivos desta metodologia?
Os ciclos especializados do Programa, como Empreendedorismo, Marketing, Recursos Humanos, Finanças, etc., são ministrados através de uma metodologia que integra debates com especialistas nacionais e internacionais, com destaque para o professor François Colbert, um dos maiores da actualidade na área do Marketing das Artes e da Cultura, com diversos livros publicados.

Sem dúvida que hoje em dia há que valorizar todas as relações e momentos de networking entre alunos, docentes e potenciais financiadores. No entanto, em todas as suas acções, o AUDAX valoriza a componente mais prática da formação e a potencialidade que estes momentos apresentam no desenvolvimento de novas iniciativas de valor.

Ao terem o acompanhamento de consultores, ao longo de toda a formação, existe uma clara vontade e motivação em desenvolver momentos que possibilitem a criação de novos negócios ou projectos.

Que perspectivas têm, ao nível do número de formandos a participar nesta 1ª edição do Programa de Formação em Emprendedorismo Cultural e Indústrias Criativas?
Esperamos ter cerca de vinte participantes e dez ideias de negócio.

Como se concretizará a oportunidade de desenvolvimento de ideias de negócio a implementar no mercado empresarial, com a ajuda dos investidores e financiadores parceiros do AUDAX?
No dia 28 de Junho, aquando da Conferência Anual do AUDAX, este ano sobre a temática do Empreendedorismo Cultural e Indústrias Criativas, serão desenvolvidas diferentes iniciativas onde se integra o Ignite Cultura e a apresentação dos projectos do Mestrado em Gestão Cultural e do Programa de Empreendedorismo Cultural e Indústrias Criativas.

Para além de potenciais financiadores e da rede de parceiros do AUDAX-IUL, serão igualmente convidadas personalidades da área.

Que exemplos de projectos, nas diversas áreas artísticas (do cinema e teatro à música e dança, passando pela literatura, design, moda, fotografia ou multimedia), esperam que os formandos venham a implementar?
O programa dirige-se a empreendedores e profissionais das áreas artísticas, e os projetos diferem muito, porque podem ir de projetos de âmbito tecnológico até projetos de cariz social. O que esperamos, acima de tudo, é apoiar boas ideias, dar-lhes estrutura, e promover o encontro entre empreendedores e investidores.

Esperamos que muitos destes projectos possam também ser implementados no seio das próprias organizações que suportam a actividade de qualquer inscrito, promovendo igualmente o intra-empreendedorismo e facilitando a criação de projectos diferenciadores nas suas organizações. Seria igualmente interessante que o Programa facilitasse as relações entre organizações, potenciando assim o reforço das relações entre estas e diversos organismos, bem como uma maior sustentabilidade da área cultural.

Musikki dá música ao maior Concurso de Empreendedorismo de base Tecnológica
O motor de busca musical fundado João Afonso, Juliana Teixeira e Pedro Almeida, que reúne em apenas um clique toda a informação sobre o artista ou banda preferida numa única página de resultados, foi o Grande Finalista da 2ª Edição do ISCTE-IUL MIT-Portugal Venture Competition. O Musikki é, pois, a Start-up vencedora que recebe um apoio financeiro no valor de duzentos mil euros para executar a estratégia de negócio da empresa, a qual possibilitará aos fundadores duplicar o prémio.

A equipa promotora irá beneficiar de um apoio financeiro adicional de cem mil euros, face ao conquistado em Setembro 2011 enquanto Finalista da área Produtos e Serviços de consumo, que poderá ser duplicado num prazo de um a três anos, mediante o cumprimento das estratégias de “Go to Market” acordadas com a organização. Terá ainda a possibilidade de fazer um pitch para um grupo restrito de duzentos investidores internacionais de primeira linha, no âmbito de um dos principais eventos do ecossistema empreendedor do MIT, o Ideastream, cuja próxima edição terá lugar no dia 4 de Maio, em Cambridge, Massachusetts.

As duas edições do ISCTE-IUL MIT-Portugal Venture Competition, abertas a empreendedores com start-ups dedicadas exclusivamente ao desenvolvimento de projectos empresariais de base tecnológica (produtos ou serviços) criadas há menos de cinco anos, receberam um total de 155 candidaturas

De referir que as quatro start-ups finalistas receberam já um apoio financeiro no valor de quatrocentos mil euros, para ser aplicado na execução das estratégias de “Go to Market” que desenvolveram ao longo dos últimos meses, com a colaboração da organização. Estas equipas irão ter ainda acesso directo ao parceiro de capital de risco, a Caixa Capital.

Além do Caixa Empreender+ Awards, que consiste, entre outros em apoios financeiros de até um milhão de euros/ano para as quatro start-ups, os promotores dos negócios beneficiam de um apoio adicional estimado em um milhão de euros, que inclui mais de 500 horas de formação específica e coaching através de catalisadores de negócio, participação em boot-camps e investor’s pitches, apoio semanal por mentores e catalisadores altamente qualificados nas suas áreas de negócio e apoio de incubação em Portugal (Startup Lisboa) e nos Estados Unidos (Cambridge Innovation Center e Plug & Play Tech Center), anunciou o ISCTE.

O Grande Finalista inicia a partir deste momento a Fase Empresa juntamente com os vencedores das restantes áreas a concurso – MediaOmics, IS Green e All Desk. Esta fase, com a duração prevista de um a três anos (até cinco, no limite), visa capacitar os fundadores das start-ups para “a validação das suas propostas de valor com clientes de alcance global (B2B) e para serem capazes de os escalar com a ajuda de rondas internacionais de investimento”.

O Concurso promovido pelo ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa e a Caixa Capital, em parceria com o MIT-Portugal e entidades do MIT – o Deshpande Center for Technological Innovation e a Sloan Business School tem já data marcada para o lançamento da 3ª edição, cujas candidaturas abrem a 15 de Março, prolongando-se até ao dia 1 de Maio. Neste período, serão realizadas sessões de esclarecimento por todo o País bem como internacionalmente. O Calendário será anunciado brevemente em www.mitportugal-iei.org.