Os dez anos de intervenção da PT na área do voluntariado empresarial serviram de pretexto para uma incursão do VER no vasto mundo da Fundação PT. Em entrevista, Óscar Vieira critica a tendência portuguesa para a dispersão, numa altura em que é preciso “concentrar energias e esforços, de forma agregadora”. Nesse trabalho de cooperação, o papel de instituições como a Fundação PT, cuja actividade “não pesa no orçamento dos contribuintes”, cumprindo missões que “de outro modo não seriam realizadas”, é “crucial”, diz ainda o administrador delegado da Fundação
POR GABRIELA COSTA

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A Fundação PT promove o acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação em benefício das dimensões sociais, em áreas chave como a Saúde, a Educação e o apoio a pessoas com necessidades especiais. Como avalia o cumprimento desta missão de inclusão digital?
A Fundação PT foi criada em Março de 2003 e, de algum modo, foi herdeira do muito que já se fazia no grupo PT na área da Responsabilidade Social, com um ênfase grande no apoio dado às pessoas com necessidades especiais de comunicação, nos vários tipos de deficiência. A herança dessa cultura que já existia há anos no grupo foi um processo natural aquando da sua criação.

À Fundação, que foi instituída pela própria empresa-mãe (a Portugal Telecom SGPS), pela PT Comunicações, pela TMN, pela PT Inovação e ainda pela PT Multimédia, antes do spin-off, foi reconhecido, num prazo muitíssimo curto, o estatuto de Utilidade Pública. Esse reconhecimento correu com muita celeridade porque já havia um trabalho sólido do grupo, que foi incorporado no contexto da Fundação. Neste momento, julgo que somos a única fundação empresarial que tem reconhecido esse estatuto, o que julgo ser um aspecto relevante.

A vertente do apoio à deficiência continua a ser um dos nossos traços distintivos, mas há cerca de dois anos atrás revimos o nosso posicionamento e decidimos reforçar progressivamente a nossa intervenção nas áreas da Saúde e da Educação/Literacia. Um aspecto que importa reter sobre a actuação da Fundação PT é que, de algum modo, todas estas áreas se interpenetram: por exemplo, quando apoiamos a deficiência infantil fazemo-lo de forma muito precoce (cumprindo indicações médicas claras de que a intervenção precoce junto dos portadores de deficiência diminui os efeitos negativos de algumas limitações e ajuda a transformar a vida dessas crianças e das suas famílias de forma radical).

Esta actuação promove a ligação entre as questões relacionadas com a deficiência e as do domínio da saúde. Em alguns casos, estabelece-se também uma relação com a área da educação, já que algumas crianças podem depois prosseguir os seus estudos. Felizmente temos casos de enorme sucesso, como o de um aluno, o David Varela, que fez os seus estudos ao nível do secundário através de um sistema de TeleAulas. Na sequência da sua enorme vontade de ingressar no ensino superior, na área de Sociologia, perguntou-nos se estaríamos disponíveis para continuar a ajudá-lo e claro que acedemos a instalar um sistema destes em contexto universitário, no ISCTE, envolvendo vários professores neste regime, o que não é fácil.

A verdade é que o David já está no 2.º ano e é considerado um dos alunos mais brilhantes, sendo o primeiro jovem, em Portugal, a utilizar a TeleAula no ensino superior. Uma faceta desta história que nos toca muito foi a integração deste jovem pelos colegas de turma, que o “adoptaram” à distância.

Nessa articulação entre as várias áreas, o recurso ao know-how tecnológico da PT para o desenvolvimento de soluções a aplicar nos projectos sociais é fundamental. Que importância tem hoje a aplicação das TIC a uma lógica de intervenção social?
Essa é a pedra de toque da Fundação PT e é, de resto, a postura mais natural, aos nossos olhos. Temos mais conhecimentos do que outros em determinadas matérias e achamos que algumas tecnologias com que trabalhamos diariamente podem ser especialmente vocacionadas para serem úteis em situações de cariz social, com alguma imaginação e com algum trabalho de investigação.

E, portanto, nalguns casos através de avanços de colegas da PT Inovação – que desenvolvem conceitos úteis para estruturarmos os nossos programas -, noutros casos estimulando a colaboração com instituições que façam investigação (caso, por exemplo, do Instituto Politécnico da Guarda e da UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro), estabelecemos colaborações muito interessantes e que estimulam o aparecimento de novas competências, concretamente no interior do país, o que é importante para o desenvolvimento local e para a criação de emprego entre os jovens dessas regiões. Indirectamente, estamos a fazer aí uma aposta significativa.

A Fundação tem, no contexto de actuação do grupo, uma missão muito concreta: expressar o compromisso global de apoio ao desenvolvimento assumido pela PT (que a nível interno engloba toda a vastíssima política de RS corporativa e de sustentabilidade do grupo) na vertente externa, isto é, no apoio às comunidades. E, portanto, estabelecemos parcerias com instituições que nos merecem todo o crédito pelo trabalho que foram fazendo. Naturalmente que, antes disso, olhamos com atenção para as iniciativas que estas desenvolvem.

No âmbito desses três eixos estratégicos – Saúde, Educação e Inclusão Digital – que exemplos de parceria destaca?
Desenvolvemos há vários anos projectos com as associações de paralisia cerebral, com a ACAPO e com as associações e a Federação de Surdos, entre outras entidades. Olhamos para quem está efectivamente no terreno e pode beneficiar de uma aliança connosco. Recentemente aproximámo-nos, por exemplo, da Federação das CERCIS e da Unicrisano (instituição que tem núcleos de apoio a cidadãos com necessidades especiais no Ribatejo), com quem fazemos protocolos para lhes facultar alguma tecnologia.

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Na área da Saúde, temos colaboração estreita com vários hospitais para o desenvolvimento de alguns projectos, por intermédio da Direcção-Geral da Saúde. Desde logo, desenvolvemos a solução Baby Care, que permite o acompanhamento à distância de bebés prematuros nas maternidades, pelos pais e familiares. É um bom exemplo de como a tecnologia pode ajudar a ultrapassar situações de fragilidade e é, também, um bom exemplo de humanização: é tocante saber que os pais, através de câmaras apontadas para as incubadoras, podem observar os seus bebés muito para além da hora da visita, 24 horas por dia e em qualquer parte do mundo.

Naturalmente que os sinais de vídeo que chegam à Internet através desta aplicação apenas ficam acessíveis aos pais ou a outros familiares que tenham acesso aos dados de credenciação. O Baby Care, que está hoje implementado na Maternidade Alfredo da Costa, na Maternidade Júlio Dinis (Porto) e na Maternidade de Bragança, assente numa tecnologia cuja première mundial foi indiscutivelmente de Portugal, na altura com tecnologia RDIS.

No domínio da Educação também fazemos parcerias com instituições de referência, desde logo com o Ministério da Educação, já que aspiramos a intervir activamente nesta área, e fazemo-lo. O regime de TeleAula, por exemplo, é um sistema que foi implementado através de um protocolo celebrado com a Direcção Regional de Educação (DRE), evidentemente. É necessário que haja coordenação com os serviços educativos, para que eles indiquem professores com formação para trabalhar nesse contexto.

Um projecto que teve início no ano passado foi o Comunicar em Segurança, que visa sensibilizar as crianças e o meio escolar para a necessidade de utilizarem com prudência e de forma esclarecida as TIC, evitando os problemas do assédio, do bullying, etc. Nem em todas as casas existe a percepção desta necessidade.

Sendo certo que é objectivo da PT vender telecomunicações, vender acesso à Internet, vender telemóveis, entende o grupo, no seu conjunto, que deve ter uma responsabilidade acrescida nestas matérias e que deve fazer um esforço para que a utilização das TIC se faça de uma forma lúcida, responsável e respeitadora das leis. O programa está estruturado para funcionar em ambiente de sala de aula, nos ensinos básico e secundário. As escolas recebem voluntários da PT que vão dar uma aula, estimulando a interacção com as crianças e abordando o tema através de materiais pedagógicos. Em 2010 participaram mais de seis mil crianças e de cem voluntários (alguns em mais do que uma acção) e estivemos em cerca de quarenta estabelecimentos de ensino.

Finalmente, o projecto integra um passatempo que estimula à reflexão sobre estes temas, através da apresentação de ideias e trabalhos, cujo prémio final, em valor monetário convertível em equipamentos (computadores e quadros didácticos, por exemplo), é conquistado para a escola da equipa vencedora. É muito gratificante percebermos o orgulho dos miúdos que conquistam algo para a sua escola.

Noutra componente, e com o Escola Solidária, desafiamos os miúdos a elegerem uma instituição da sua área de residência ou da sua escola, que considerem que merece ser apoiada pela Fundação PT. O objectivo é que estas crianças e jovens construam um olhar mais solidário para a realidade que os rodeia.

Ainda na área educativa, a orquestra juvenil Bora Nessa assume-se como uma resposta social à exclusão social. Como é que se coloca a arte ao serviço dos problemas sociais de uma comunidade?
O Bora Nessa é um projecto inspirado num conceito conhecido, o Sistema Nacional de Orquestras Juvenis e Infantis da Venezuela, para o qual a Fundação PT foi convidada a ser parceira do pólo destinado a 140 alunos residentes nas freguesias abrangidas pelo Contrato Local de Segurança de Loures. Como se sabe, trata-se de uma zona problemática, de grande conflitualidade interétnica e uma das formas encontradas para esbater essa tensão foi, justamente, começar a actuar junto das crianças dessas freguesias. Presentemente há já 110 crianças que beneficiam deste projecto.

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Juntamente com o Ministério da Administração Interna e com parceiros como a Câmara Municipal de Loures e o Conservatório de Música (que assegura a área científica do projecto), a Fundação apoia esta iniciativa de uma forma muito gratificante. Não se trata apenas de ensinar os alunos a tocar um instrumento. Há uma enorme preocupação em transmitir-lhes algum código de conduta: alguns destes miúdos eram muito rebeldes nos primeiros ensaios mas ficaram cativados, aceitaram a disciplina necessária, e mudaram radicalmente a sua atitude. Este projecto cujo objectivo principal, insisto, não é o ensino da música, tem efeitos que vão muito além do tempo passado nos ensaios, contribuindo para reestruturar ambientes familiares e ocupando os tempos livres das crianças.

No âmbito do Bora Nessa, a Fundação entendeu alargar a sua actuação através da celebração de protocolos com outras entidades. No Verão passado, por exemplo, proporcionámos ao grupo um estágio final de uma semana, na nossa colónia de férias na Verdizela (margem Sul), o que permitiu aos alunos não só trabalharem as suas competências técnicas, como desfrutarem de uma experiência de lazer desconhecida para a maioria. Foram todos irrepreensíveis, o que comprova que por estas vias moldamos consciências. E o que sugere que alguns deles podem ser agentes, no seu bairro, de alguma distensão e de novos convívios com outras comunidades.

Em conclusão, e sem faltas modéstias, acredito que a Fundação tem um papel crucial e julgo que é reconhecido por muitos, principalmente por quem se interessa por estas áreas, que temos talvez das intervenções mais estruturadas em Portugal. Mas os parceiros com quem trabalhamos melhor do que nós poderão dizer da utilidade do que vimos fazendo em todos estes anos.

Que tipo de trabalho é que Fundação desenvolve nos CPLP?
Na área da saúde, por exemplo, inaugurámos no início de Março, numa parceria com o Instituto Marquês de Valle Flôr um serviço de telemedicina, em São Tomé e Príncipe. É o primeiro fruto desta parceria recente e o primeiro a funcionar neste país. É nossa convicção que a doação que fizemos – dois equipamentos, um instalado na sede deste Instituto, em Lisboa, e outro no Hospital Dr. Ayres de Menezes, em São Tomé e Príncipe –, irá permitir o trabalho colaborativo entre os médicos locais e alguns dos nossos especialistas em diversas áreas. Isso representa (e já tivemos várias demonstrações por parte das autoridades são-tomenses) um avanço enorme para o país, ao nível da falta de especialização médica, aumentando a segurança no diagnóstico; ao nível da redução dos encargos significativos que São Tomé tem com a evacuação de doentes para Portugal; e ainda ao nível da redução dos custos que depois o nosso Serviço Nacional de Saúde tem de suportar com esses doentes. Este serviço contribui ainda para atenuar as dificuldades familiares que sempre se colocam nessas situações. Cremos que é um projecto com todos os méritos.

“As tecnologias com que trabalhamos diariamente podem ser especialmente úteis em situações de cariz social, com alguma imaginação e algum trabalho de investigação” .
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Temos também desenvolvido acções de colaboração no contexto do programa Um computador, Uma oportunidade, que doa computadores do parque informático da PT (o qual tem de ser renovado com muita frequência), que ainda estão perfeitamente funcionais para serem utilizados em instituições sociais. Esses computadores são preparados no contexto de acções de voluntariado realizadas pelos nossos colaboradores de vários pontos do país, que reparam um grande número de equipamentos para serem distribuídos: só em 2010, chegaram às escolas de São Tomé trezentos computadores, outros trezentos a Timor, trezentos a Cabo Verde, 284 a Moçambique (onde entregámos ainda quarenta computadores novos para um projecto de reestruturação das escolas profissionais) e vinte a Angola.

Em Portugal distribuímos cerca de 180 a instituições de apoio à infância, entre outras, o que totaliza, só no ano passado, 1500 computadores doados.

Ainda outro exemplo: com Timor fizemos duas grandes campanhas de recolha de livros, contribuindo para a escassez de literatura em português no país. Em 2010 enviámos quatro mil livros doados exclusivamente pelos colaboradores da PT. Localmente, quer os computadores quer os livros são distribuídos com a ajuda das empresas de telecomunicações nas quais temos uma participação directa: a Cabo Verde Telecom, a Companhia Santomense ou a Timor Telecom. São o nosso braço local.

Como é que vê hoje a evolução do trabalho de cooperação em rede, envolvendo empresas, instituições e Estado, no panorama nacional?
O conceito de rede, de cooperação com empresas que queiram fazer coisas sérias no domínio da RS e do voluntariado, foi fomentado pela PT, há dez anos, quando esta foi a grande dinamizadora do projecto Mão-na-mão, que foi verdadeiramente o primeiro projecto de voluntariado inter-empresarial desenvolvido em Portugal.

A iniciativa, que coloca ao serviço das necessidades concretas das instituições o trabalho voluntário de colaboradores da PT (por exemplo em acções de recuperação de espaços) é uma das nossas vertentes de intervenção realizada em colaboração com outros parceiros, por exemplo, com a Cisco, a Delta, a Sacoor Brother e, recentemente a Prosegur, para além das várias empresas do grupo, num total de cerca de uma dúzia de empresas no desenvolvimento de acções.

No ano passado realizámos iniciativas emblemáticas no contexto deste projecto, como é o caso do projecto Conchinhas do Mar (actividades desenvolvidas com crianças do Centro de Reabilitação de Alcoitão durante uma semana, propiciando-lhes um conjunto de experiências novas, desde uma ida à praia até uma visita a um centro hípico); da Semana nas Prisões (que promove a reintegração de reclusos através de acções que lhes levam uma palavra de esperança e abordam temas que possam ser úteis à sua reinserção na sociedade, e que desenvolvemos trabalhando de forma estreita com a Direcção-Geral dos Serviços Prisionais); ou do Projecto São Nicolau: Os Mais Sós, que apoiou idosos que vivem em situação de extrema solidão, em parceria com o Centro Paroquial desta freguesia de Lisboa.

O desenvolvimento de projectos em articulação com outras entidades é crucial. A esse nível, penso que há ainda aspectos a melhorar. Um deles, que assinalo aqui, muito gostaria que fosse corrigido: sobretudo depois de dois anos de experiência na Fundação PT, fica-me a sensação que pessoas muito válidas e até “com o coração do tamanho do mundo” nem sempre actuam da maneira mais lúcida. Isso acontecerá porque os portugueses têm uma tendência enorme para se dispersarem a criarem novos pólos e novas instituições, em vez de oferecerem os seus préstimos onde existam já estruturas mínimas para que se possa fazer uma intervenção pensada.

A primeira preocupação das pessoas que querem fazer coisas úteis deverá ser, na minha opinião, avaliar, na área em que querem ser úteis, quem é que melhor trabalha ou quem é que precisa de alguma ajuda para consolidar a sua posição e a expandir. A reacção, infelizmente muito comum, de criar mais e mais associações representa um desperdício de recursos enorme, porque na maior parte dos casos essas estruturas nunca terão massa crítica para fazerem um trabalho profícuo e, entretanto, estão a dissipar recursos que, se fossem concentrados, poderiam ser mais bem utilizados.
Também ao nível do voluntariado, é mais razoável que olhemos para o que está por perto, numa lógica de proximidade, mas sem nunca perder nunca de vista este aspecto: a dispersão de energias é extremamente perniciosa, vamos concentrá-las de forma agregadora. Para mim o grande clique é este: concentrar esforços.

É bom que se perceba que empresas como a PT e todas aquelas que estão connosco neste tipo de acções desviam recursos para as mesmas. Logo, queremos saber se esses recursos estão a ser bem utilizados e qualquer solicitação que nos façam tem de ter esse aspecto essencial garantido.

Que fatia do orçamento do Grupo ocupa essa afectação de recursos aos projectos desenvolvidos pela Fundação PT?
No caso da PT, os recursos que são atribuídos à Fundação andam, em regra, em torno dos 4,5 milhões de euros por ano, o que é significativo.

A actual conjuntura socioeconómica do país agudiza ainda mais essa necessidade de optimizar resultados sem desperdício de recursos. Neste contexto, que papel assumem hoje as fundações?
Temos de ter algum cuidado ao falar hoje de fundações, pois este pode ser um tema extremamente melindroso, face ao discurso recorrente de que existem institutos e fundações a mais. Bom, importa reter que fundações como a PT não existem a mais e, principalmente, que não são essas que pesam no orçamento do contribuinte português: todas as nossas actividades, tal como as de algumas outras fundações empresariais, são financiadas na íntegra pelos seus instituidores. Anualmente é elaborado um plano de actuação que estes (as empresas da PT que eu citei) analisam, financiando na totalidade os projectos que entendam que têm mérito para serem implementados.

Portanto, as nossas actividades não só não têm custos para o contribuinte, como cumprem missões que reduzem custos que teriam de ser assumidos pelo Orçamento Geral do Estado ou que, simplesmente, não seriam realizadas. Feita esta destrinça relativamente a outro tipo de instituições que têm o nome de fundação empresarial, mas que consomem recursos públicos, naturalmente que aquilo que posso dizer é que temos hoje em dia um papel absolutamente crucial. Várias destas fundações serão também necessárias, mas sabemos bem qual é o clima geral, logo, e com alguma razão, tem de haver cuidado.

A realidade é que há escassez de fundos públicos para acorrer a tantas situações. Notamos um aumento dos pedidos de auxílio e temos exemplos de situações que são reportadas por instituições que nos dizem estar com imensas dificuldades para fazer face ao aumento do número de pessoas de que têm de cuidar. Sentimos que esta é uma situação delicada, mas a nós também se nos colocam balizas e não podemos acudir a todos os pedidos. Por isso, fazemos o que nos parece razoável e racional: mantermos as nossas áreas de foco, pois é nossa convicção que correspondem àquilo em que sabemos trabalhar melhor, já que retiram partido das competências do grupo PT. Simultaneamente, reforçámos a exigência com que analisamos qualquer projecto, para garantirmos que, com iguais recursos conseguimos fazer mais obra.

Dez anos a fazer voluntariado
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O grupo PT assinala em 2011, Ano Europeu do Voluntariado, dez anos de intervenção na área do voluntariado empresarial, através de programas que permitem aos seus colaboradores oferecer até seis dias de trabalho voluntário – um no âmbito do Projecto Mão-na-Mão e até cinco no âmbito do Programa Aurora -, durante o horário normal de trabalho, sem que isso afecte a sua retribuição ou a sua assiduidade. Já em 2009, a empresa desenvolveu um novo programa que lhes permite participarem em acções voluntárias fora do horário laboral, realizadas essencialmente aos fins-de-semana.

Ao longo de 2010, cerca de 250 colaboradores da PT participaram em acções de voluntariado (alguns em mais do que uma acção). Mais de 7100 destinatários beneficiaram directamente destas acções, em áreas como recolha de roupa e distribuição de comida a sem-abrigo, formação em micro-informática e construção de websites, acções de formação cívica e ambiental e dinamização de experiências lúdicas para crianças carenciadas.

Este ano, no contexto do Programa Aurora, a PT colaborou nas acções “Desafio do Coração”, em parceria com a Fundação Portuguesa de Cardiologia; e com a Associação Portuguesa do Síndrome de Asperger (desenvolvendo projectos de telecomunicações e de infra-estruturas para as instalações desta associação). No contexto do projecto G.I.R.O (coordenado pelo GRACE – Grupo de Reflexão e Apoio à Cidadania Empresarial), a empresa colaborou em acções de requalificação e de criação de espaços de lazer, na zona da Alta de Lisboa. Vários colaboradores voluntários participaram ainda na Feira de Voluntariado Rastrillo, promovida pela Associação Novo Futuro.

A nível interno, o grupo desenvolveu uma acção de recolha de manuais escolares que contou com o trabalho colaborativo de muitos voluntários da empresa, nos pontos de recolha. No actual contexto, “esta acção em concreto é uma chamada de atenção, trata-se de uma questão de postura face à situação que vivemos”, diz Óscar Vieira.

Na sua perspectiva, sentem-se já algumas necessidades acrescidas por parte das pessoas, em resultado da crise económica que o país atravessa: “a estatística é uma ciência e normalmente quando a amostra é grande os dados são fiáveis. Pelo grande número de trabalhadores que tem, a PT é uma grande amostra da sociedade portuguesa”, explica ao VER. Portanto, “havendo dificuldades na sociedade portuguesa, é normal que se sintam algumas também no contexto das famílias de colaboradores da PT”, explica o administrador delegado da Fundação PT.

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