O portefólio ambiental da Siemens tem vindo a ser reconhecido por inovações como a turbina a gás que detém o recorde mundial de eficiência energética, a futura sede em Masdar City, onde será implementado um programa de Investigação para redes eléctricas e edifícios inteligentes e captura e armazenagem de carbono, ou, a nível nacional, a gestão da obra da Central de Ciclo Combinado do Pego, que abastecerá 2,5 milhões de lares com energia amiga do Ambiente. Motivos de sobra para uma conversa com Joana Garoupa, Head of Communications da Siemens Portugal, para quem “as cidades em todo o mundo terão de investir massivamente na expansão das suas infra-estruturas”
POR GABRIELA COSTA

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© Siemens
Joana Garoupa
Head of Communications Siemens Portugal
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No ano fiscal de 2011, as receitas do portefólio ambiental da Siemens cifraram-se em cerca de trinta mil milhões de euros, tornando a empresa num dos maiores fornecedores de tecnologias amigas do Ambiente. Durante o mesmo período, os produtos e soluções da Siemens permitiram aos clientes uma redução das suas emissões de dióxido de carbono (CO2) na ordem das 320 milhões de toneladas, a que equivale o volume de emissões de CO2 por ano de megacidades como Berlim, Deli, Hong Kong, Istambul, Londres, Nova Iorque, Singapura e Tóquio.

O Energy Sector da Siemens é o líder mundial no fornecimento de toda a gama de produtos, serviços e soluções para a produção de energia em centrais termoeléctricas, aproveitamento de energias renováveis, transmissão e distribuição de energia e para a extracção, conversão e transporte de óleo e gás. No ano fiscal transacto (findo a 30 de Setembro), alcançou receitas de 27,6 mil milhões de Euros; recebeu novas encomendas no valor de aproximadamente 34,8 mil milhões de Euros e os lucros ultrapassaram os 4,1 mil milhões de Euros.

Uma turbina que mudou a história da engenharia
A Siemens foi recentemente galardoada com o Prémio de Inovação da Indústria Alemã, na categoria de grandes empresas, pelo desenvolvimento da turbina a gás que detém o recorde mundial de eficiência energética – com 60,75% em produção de ciclo combinado.

A turbina a gás SGT5-8000H foi desenvolvida pela multinacional durante cerca de uma década e envolveu um investimento de aproximadamente quinhentos mil milhões de euros, no qual se inclui a operação da central protótipo em Irsching, na Bavaria.

Com esta inovação, a Siemens “contribuiu para a história da engenharia uma vez que uma única turbina a gás deste tipo, a funcionar em modo de ciclo combinado, é suficiente para fornecer electricidade amiga do ambiente a uma metrópole como Berlim”.

A nova central eléctrica de ciclo combinado gasta aproximadamente um terço de combustível menos por kilowatt-hora (kWh) comparado com a média de consumo das centrais termoeléctricas com turbinas alimentadas a gás de todo o mundo, anunciou a empresa. O aumento de eficiência alcançado “oferece não só um significativo potencial de redução de custos de combustível como também, graças a uma importante redução de emissões de CO2, contribui para o fornecimento de energia sustentável e, desta forma, para a protecção do clima”.

Estes resultados ao nível da eficiência energética “foram decisivos para que durante os dez anos investidos no desenvolvimento da turbina a empresa fosse distinguida com inúmeros prémios ao nível da inovação em tecnologia e conseguisse mesmo inscrever este equipamento no Guinness Book of World Records”, divulga ainda.

A turbina está actualmente a ser produzida na fábrica da Siemens em Berlim e entrará brevemente em produção na recentemente inaugurada fábrica de Charlotte, nos Estados Unidos.

Portugal renovável
Já por cá, o sector Energy da Siemens foi distinguido pela Associação Portuguesa para a Gestão de Projectos (APOGEP) na primeira edição do “Prémio de Excelência em Gestão de Projectos”, pela gestão da obra da Central de Ciclo Combinado do Pego, em Abrantes. O projecto do Pego foi o vencedor entre os seis finalistas, cujas candidaturas foram analisadas de acordo com os critérios definidos internacionalmente pela International Project Management Association (IPMA).

A Siemens Energy foi responsável pela gestão de todo o projecto de instalação da nova central, que é constituída por duas unidades operadas a gás natural. A infra-estrutura tem uma potência instalada de 840 MW e uma eficiência energética de 59 %, referência mundial neste âmbito, e abastecerá 2,5 milhões de lares portugueses com energia amiga do Ambiente.

E a pensar nos desafios que se colocam às cidades face às perspectivas de sobrepovoamento, concretamente no que concerne a sua sustentabilidade ambiental, a Siemens criou, em Outubro de 2011, o novo sector Infrastructure & Cities (IC), que visa posicionar a empresa como parceiro activo no crescimento dinâmico das cidades e nos investimentos em infra-estruturas.

É neste contexto estratégico de “posicionamento da marca no sector das cidades” que o European Green City Índex (EGCI), que avalia a sustentabilidade ambiental em trinta cidades europeias, integra agora mais uma, depois de um novo estudo comissionado pela Siemens: o Porto. A cidade foi avaliada segundo as oito categorias do índice realizado pelo Economist Intelligence Unit – Energia, CO2, edifícios, transportes, resíduos e utilização de solo, água, qualidade do ar e governance ambiental.

A grande conclusão é que o Porto é a sétima cidade da Europa que mais recorre a fontes de energias renováveis. A cidade ocupa o primeiro lugar no EGCI para as cidades de pequena e média dimensão, apenas atrás de Oslo (Noruega), no que se refere à percentagem de energia renovável consumida. De acordo com o estudo, cerca de 22% da energia consumida no Porto provém de fontes de energias renováveis.

O estudo destaca o contributo das hidroeléctricas presentes no Vale do Douro, região que tem cerca de 2000 MW de potência hídrica instalada. Um contributo que será reforçado com a finalização da barragem Picote II, depois do que as soluções da Siemens “representarão 12% da capacidade de produção de energia hídrica instalada no Vale do Douro”.

Em entrevista ao VER, Joana Garoupa, Head of Communications da Siemens Portugal, sublinha que o compromisso da empresa quando se envolve num projecto, “independentemente do seu âmbito, dimensão ou duração, é garantir que todas as fases, actividades e tarefas são executadas com qualidade e no tempo previsto”. A Siemens preconiza ainda “a existência de um fluxo comunicacional regular com todos os stakeholders sobre a evolução dos projectos e a sua implementação”, destaca também.

Qual é a relevância para a Siemens do desenvolvimento da turbina a gás de ciclo combinado que detém o recorde mundial de eficiência energética, recentemente galardoada?
O desenvolvimento deste equipamento foi decisivo para nos posicionarmos como o único player mundial cujo portfólio apresenta uma central eléctrica de ciclo combinado com uma eficiência certificada de mais de 60%, ou seja, a central eléctrica alimentada por combustíveis fósseis mais amiga do ambiente do mercado.

O Prémio de Inovação da Indústria Alemã é o reconhecimento público da aposta da empresa na inovação e da sua preocupação com o meio ambiente.

© Siemens

A Siemens realizou o desenvolvimento deste equipamento em cooperação com universidades, institutos de investigação e com uma equipa de mais de 250 engenheiros. No fundo, este prémio reflecte o relacionamento de parceria com o mundo académico que caracteriza a Siemens, desde a sua fundação.

Aliás, este posicionamento conduziu a empresa à liderança em inovação a nível mundial. Em 2011, a Siemens aumentou em 10% o número das suas invenções anuais para cerca de 8.600, o que se traduz numa média de quarenta invenções por dia. Esta evolução positiva levou a que, pela primeira vez na sua história, a Siemens ocupe o primeiro lugar no ranking europeu de pedidos de patentes, com um total de 2135 patentes pendentes.

A empresa investiu, neste período, cerca de 3,9 mil milhões de euros em I&D. A investigação foi desenvolvida através de um milhar de parcerias com universidades e institutos de pesquisa, bem como do trabalho levado a cabo por quase 28 mil investigadores, em cerca de 160 centros de I&D em todo o mundo.

De que importância se reveste o reconhecimento dado ao projecto de gestão da obra da Central de Ciclo Combinado do Pego pelo Prémio de Excelência da Associação Portuguesa para a Gestão de Projectos?
Este prémio simboliza o reconhecimento, por uma entidade especializada, de que a Siemens é uma empresa que se pauta pela excelência nos seus produtos e soluções, mas também na gestão dos projectos nos quais está envolvida.

Quando nos envolvemos num projecto, o nosso compromisso, independentemente do seu âmbito, dimensão ou duração, é garantir que todas as fases, actividades e tarefas são executadas com qualidade e no tempo previsto.

Defendemos e praticamos um rigoroso controlo de qualidade e desenvolvemos a nossa gestão de projecto no estreito cumprimento e respeito pelos mais elevados critérios de segurança. Aliás, a segurança no local de trabalho foi um factor relevante ao longo de todo o projecto, pautando-se por dois milhões de horas de trabalho com zero acidentes entre as mais de mil pessoas que estiveram na obra, durante o pico dos trabalhos.

Por outro lado, preconizamos a existência de um fluxo comunicacional regular com todos os stakeholders sobre a evolução dos projecto e a sua implementação, de modo a que os mesmos se sintam acompanhados e envolvidos.

No que respeita ao projecto da obra da nova Central de Ciclo Combinado do Pego, a sua gestão revestia-se de particular importância dada a sua dimensão e impacto no local e no ambiente. Constituída por duas unidades operadas a gás natural, esta infra-estrutura tem uma potência instalada de 840 MW e uma eficiência energética de 59%, referência mundial neste âmbito, e abastecerá 2,5 milhões de lares portugueses com energia amiga do Ambiente.

É importante salientar ainda que a Siemens AG considerou a Central Termoeléctrica do Pego como o Melhor Projecto de Execução em 2010 no universo Siemens. Em Portugal, a Associação Portuguesa para a Gestão de Projectos (APOGEP) atribuiu a esta obra o prémio “Excelência em Gestão de Projectos”, entregue este ano pela primeira vez.

Com a conclusão da barragem Picote II, as soluções da Siemens representarão 12% da capacidade de produção de energia hídrica instalada no Vale do Douro. Em que contexto foi incluído o Porto no Green City Index, onde pontua como a 7.ª cidade europeia que mais consome energias renováveis?
Actualmente, mais de metade da população mundial vive em cidades e espera-se que esta proporção aumente para 60% dentro de vinte anos, o que se traduz num aumento de 1,4 mil milhões de habitantes urbanos. Muitas cidades são selvas de betão: o transporte de mercadorias e de pessoas causa congestionamentos de trânsito que demoram horas a dissipar, as necessidades de água potável e de ar puro são desafios constantes e calcula-se que o consumo de energia aumente de 21 quilowatt-hora, em 2010, para cerca de 36 quilowatt-hora em 2030. Em resposta a este crescimento, as cidades em todo o mundo terão de investir massivamente na expansão das suas infra-estruturas e, para o efeito, as empresas também terão de evoluir e adaptar-se.

Ciente dos desafios do sobrepovoamento das cidades, a Siemens posiciona-se como parceiro activo no crescimento dinâmico das cidades e nos investimentos em infra-estruturas .
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Ciente destes desafios, a Siemens criou em Outubro de 2011 o novo sector Infrastructure & Cities (IC), cujo objectivo é posicionar a empresa como parceiro activo no crescimento dinâmico das cidades e nos investimentos em infra-estruturas.

Mas para se posicionar como parceira na identificação de soluções, as empresas têm ser conhecedoras da realidade na qual pretendem intervir. É neste contexto que surge o Green City Índex, um conjunto de estudos desenvolvidos pelo The Economist para a Siemens, que cumpre o objectivo de analisar a performance ambiental das principais cidades do mundo. A investigação da performance de cada cidade é feita através da análise de oito categorias – emissões de CO2, energia, edifícios, transportes, água, resíduos e uso de solo, qualidade do ar e política ambiental – e de trinta indicadores individuais, subdivididos quantitativamente e qualitativamente.

Face a este contexto, a evolução do estudo Green City Index a nível nacional teria de passar pela análise da cidade do Porto, uma vez que o desempenho ambiental de Lisboa já tinha sido objecto de investigação.

E que potencial tem o Porto, face à sua boa performance ambiental?
O Porto classificou-se na 12ª posição de uma lista composto por 31 cidades europeias. Na análise realizada, verificou-se que o Porto é a sétima cidade da Europa que mais consome energia proveniente de fontes de renováveis (cerca de 22%), designadamente das hidroeléctricas presentes no Vale do Douro, região que tem cerca de 2000 MW de potência hídrica instalada.

De acordo com o estudo, o facto de a região ter menos custos de transporte com a energia, devido à proximidade das fontes renováveis, foi importante para o bom desempenho da cidade no indicador energético. No nosso entender, o bom desempenho da cidade nesta categoria sairá ainda mais beneficiado após a finalização da barragem Picote II, na qual as nossas soluções representarão 12% da capacidade de produção de energia hídrica instalada no Vale do Douro.

Saliento ainda o facto de o Porto ter sido distinguido como a cidade europeia com melhor performance energética em edifícios (entre as 31 cidades europeias analisadas em oito categorias de sustentabilidade). Analisando os valores que estão na base deste resultado, concluímos que se todos os edifícios de serviços da cidade utilizassem soluções de eficiência energética, seria possível obter uma redução de energia de 17%, o que se traduz numa poupança de mais de catorze milhões de Euros, uma diminuição no consumo energético de 179 Gigawatts/hora e um corte nas emissões de CO2 superior a 71 mil toneladas.

A Siemens é o maior fornecedor mundial de tecnologias ambientais. Qual é a importância estratégica da futura sede para o Médio Oriente em Masdar City, face ao vosso posicionamento?
Ao integrar nas instalações da empresa em Masdar City algumas das soluções disponíveis no seu portefólio ambiental, a Siemens pretende que a sua sede regional para a região do Médio Oriente se torne na montra das mais recentes tecnologias de eficiência energética que tem vindo a desenvolver.

Por outro lado, na área da investigação e desenvolvimento, a Siemens pretende também colaborar com o Instituto Masdar no desenvolvimento de um programa de Investigação de longo prazo para redes elétricas inteligentes, edifícios inteligentes, e captura e armazenagem de carbono, tendo expressão em subsídios, bolsas de estudo e programas educacionais para o avanço da economia do conhecimento nos Emirados Árabes Unidos.

Este projecto, que representa o maior investimento global da Siemens numa parceria com uma organização de ciência e tecnologia, prevê ainda o fornecimento por parte da empresa de tecnologias de automação integrada para edifícios e o desenvolvimento de um conjunto de aplicações de rede eléctrica inteligente de Masdar City, para optimizar o consumo de energia da cidade.

Sede em Masdar City: Uma caixa dentro de uma caixa
© Siemens

O projecto da futura sede da Siemens para a região do Médio Oriente, em construção em Masdar City, Abu Dhabi, vai receber o MIPIM Architectural Review Future Projects Award na categoria de edifícios de escritório. O prémio será entregue durante o evento internacional de imobiliário MIPIM, que decorrerá entre 6 a 9 de Março, em Cannes.

Concebido pela empresa de arquitectura britânica Sheppard Robson, e optimizado em cooperação com a Siemens Real Estate (SRE), “o edifício vai satisfazer elevados requisitos em termos de arquitectura, eficiência energética e equipamentos”. Com recurso aos “materiais e tecnologias mais recentes, pretende-se que o consumo energético do novo edifício seja baixo, apesar do clima da região do deserto perto de Masdar colocar um importante desafio – as temperaturas no Verão são superiores a 50ºC”, anunciou a empresa em comunicado.

As soluções tecnológicas utilizadas pela Siemens neste edifício permitem uma redução de 45% no consumo de energia e uma redução de 50% no consumo de água comparado com o standard ASHRAE1. A Siemens explica ainda que a elevada eficiência energética do edifício “advém do design, cujo conceito é o de uma caixa dentro de uma caixa. Uma fachada interior muito isolada e hermética reduz a condutividade termal enquanto um sistema externo de sombra, optimizado de forma paramétrica e de alumínio leve, optimiza os ganhos de calor, maximizando a luz do sol e as vistas do edifício”.

O MIPIM Architectural Review Future Projects Award é atribuído anualmente a projectos excepcionais de engenharia. “Esta é uma investigação minuciosa do design de espaços amplos e baixos num clima extremo, da qual saiu uma proposta bem explicada. A vontade de obter uma certificação LEED-Platinum significa que o projecto vai ser seguido com grande interesse por vários designers e clientes”, argumentou o júri do evento que atribuiu o prémio à Siemens.

A transferência da sede regional da Siemens e a construção deste edifício faz parte de uma parceria estratégica de longo prazo estabelecida entre a multinacional alemã e Masdar, uma iniciativa que arrancou em Abu Dahbi com o objectivo de utilizar fontes renováveis de energia.

No âmbito desta parceria, a Siemens vai também implementar no local um Centro de Excelência para Building Technologies e outras valências, incluindo um Centro de Desenvolvimento de Liderança.