Mais do que escolher palavras e ideias, é importante garantir que os valores definidos são vividos no dia-a-dia. E este mesmo princípio que nos guia enquanto indivíduos, deverá ser o mesmo quando estão em causa a declaração e execução da missão das empresas
POR RODOLFO OLIVEIRA

De uma pesquisa simples online aos valores de empresas, nacionais e multinacionais, surge um conjunto de palavras fortes e com sentido, as quais deverão constituir as fundações do comportamento da empresa. Excelência, criatividade, inovação, cidadania, ética, apoio à gestão, transparência, foco no cliente, profissionalismo, audácia, foco nos resultados, orgulho, atitude – estas são apenas algumas das palavras que podem ser encontradas. A lista poderia alongar-se, tanto quanto o número de empresas pesquisadas. E todos eles valores inquestionáveis, e que fazem sentido quando lidos. Mas, mais importante do que as palavras, é a sua tradução em actos concrectos, na forma como cada empresa e indivíduo se comporta e os valores que essas atitudes e actos transmitem.

Ou seja, para cada um dos valores indicados, deve ser objectivo da organização garantir que as suas atitudes e a sua gestão vivem esse mesmo valor. Se o ambiente é um valor, então a empresa deve procurar ter uma postura líder na área ambiental. Se o foco no cliente é uma prioridade, quais as práticas de serviço ao cliente implementadas e como é classificado esse serviço? Se a inovação é uma prioridade, existe um departamento de I&D com orçamento relevante? Se a transparência é um valor importante, como é a política da empresa no que diz respeito à comunicação interna e à informação de negócio? Se os recursos humanos são uma prioridade, como se define uma política de recrutamento, avaliação de desempenho, indicadores do leque salarial interno, promoções e contratação de pessoal temporário?

O reverso desta preocupação será o interessante conceito do livro 1984 de George Orwell – o duplipensar -, “…estar consciente de sua completa sinceridade ao exprimir mentiras cuidadosamente arquitetadas, defender simultaneamente duas opiniões que se cancelam mutuamente …”. As potenciais contradições entre os valores da organização e a forma como esta se comporta no mercado, são cada vez mais fáceis de expor por parte dos interlocutores dessas mesmas organizações, em resultado do crescimento das redes sociais.

Este mesmo princípio aplica-se a cada um de nós como indivíduos. Temos de viver de acordo com os nossos princípios, mesmo que isso muitas vezes implique decisões difíceis e situações menos confortáveis, mas que garantam a integridade e correcção dos comportamentos.

No espaço das empresas, esta realidade tem uma relevância crescente. Por isso, antes de se preocupar em escolher as palavras mais bonitas para descrever a sua missão e valores, certifique-se de que cria o modelo adequado para garantir o seu cumprimento.

Managing Partner da BloomCast Consulting