Para um gigante empresarial como a HP, cujo negócio está intrinsecamente ligado à indústria do papel, de que forma é possível promover, convincentemente, uma estratégia sustentável? Já para não falar da sua principal área de negócio que se centra na venda de impressoras, feitas de materiais “inimigos” do ambiente. Habituada a liderar diversos rankings de sustentabilidade, a empresa demonstrou, num evento em Milão, que é possível reduzir não só a sua pegada ecológica, como a dos seus clientes
POR HELENA OLIVEIRA

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Pioneira reconhecida por trabalhar, há décadas, no sentido de reduzir o impacto ambiental do sector da electrónica, a HP está a ir cada vez mais além no que respeita a deixar uma boa “impressão” ecológica. Não só no que respeita a diminuir o impacto da indústria de TI no planeta, como na oferta de ferramentas para os seus clientes que lhes permite, também, reduzir o impacto negativo dos seus próprios negócios.

Num evento que organiza de dois em dois anos, “para mostrar ao mercado a actualização da sua estratégia global e para contextualizar os seus esforços de inovação e sustentabilidade”, como referiu ao VER, em Milão, Shelley Zimmer, responsável pela gestão ambiental do Grupo de Imagem e Impressão, a HP reuniu-se com um conjunto de jornalistas, provenientes dos vários cantos da Europa, para dar a conhecer os seus vários programas ambientais, bem como as novidades que está a imprimir no seu próprio negócio para fazer uma “gestão personalizada” dos impactos dos seus clientes.

Se para as empresas de todas as dimensões, a impressão constitui uma parte essencial da sua rotina diária, a verdade é que com a pressão para que as empresas se tornem o mais ambientalmente responsáveis possível, o acto de imprimir está a ser crescentemente“demonizado”, sendo os colaboradores encorajados a imprimir cada vez menos, mesmo que tal signifique um trabalho menos eficiente.

Para um gigante empresarial como a HP, cujo negócio está intrinsecamente ligado à indústria do papel, de que forma é possível a promoção convincente de um consumo de papel sustentável? Já para não falar de uma empresa cuja principal área de negócio se centra na venda de impressoras, feita de materiais “inimigos” do ambiente? No mínimo, pode parecer estranho ou fazer lembrar mais uma tentativa de “greenwashing”. Contudo, e na verdade, a HP tem sido bastante criativa na sua estratégia global ambiental, o que comprova que mesmo os sectores mais “ecologicamente delicados” podem, caso estejam dispostos a isso, contribuir para diminuir a sua pegada ecológica e aumentar as possibilidades de traçar um caminho para uma economia de baixo carbono.

Mas e afinal, que feitos se podem atribuir à HP e que justificam o facto de ser considerada, ao longo dos últimos anos, como uma das empresas mais “verdes” do seu sector, com posições privilegiadas nos rankings da especialidade?

E porque a palavra impressa será sempre importante no mundo em que vivemos
“Será que a impressão está morta?” Foi com esta pergunta que Jeff Walter, director de Sustentabilidade Ambiental e Inovação Social, deu início à sua apresentação. “Estamos a viver duas grandes revoluções”, afirmou. “A da explosão digital em conjunto com a ubiquidade proporcionada pelos dispositivos móveis”. E é esta explosão de conteúdos que está a liderar a mudança no “onde” e no “como” as pessoas imprimem os seus documentos. De acordo com estimativas da própria HP, em 2030 prevê-se que exista um aumento na ordem dos 26 mil milhões de páginas a serem impressas a partir de dispositivos móveis, sendo que 85% deste valor será da responsabilidade dos utilizadores de smartphones. Ou seja, a indústria da impressão, tal como outras, está a evoluir do analógico para o digital, mas tal não significa, de todo, que as pessoas consigam viver sem imprimir.

Citando um estudo interessante levado a cabo em três países – em que se pedia aos participantes para viverem sem imprimir durante dois dias e a um grupo especial no Reino Unido, cujo prazo era alargado a uma semana – os resultados não deixam dúvidas: ninguém foi capaz de o fazer. Jeff Walter foi ainda mais longe e pediu à plateia de mais duas dezenas de jornalistas que se juntaram a este evento em Milão (e que será repetido em Praga e em Marraquexe) que imaginasse um mundo sem rótulos nos produtos vendidos no supermercado, uma casa sem fotografias nas paredes, amigos e familiares sem receberem postais, prateleiras sem livros ou revistas… um cenário tão impossível e que remete para a citação de Eric Bradlow, professor em Wharton, que costuma afirmar que “o email é transacional, ao passo que o papel é relacional”.

Todavia, esta impossibilidade não impede que exista uma percepção extremamente negativa do impacto da impressão no ambiente que, aliás, não pode ser negada, muito menos por uma empresa que lida com estas matérias em permanência.

Mais inda, e segundo o Smart 2020 Report,a indústria das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) será responsável por 2% da pegada ecológica do planeta (com 55% deste valor a ser atribuído aos PCs, monitores, impressoras e telemóveis e os restantes 45% aos data centres), sendo que o sector em causa tem a obrigação de “utilizar estes 2% para reduzir o impacto dos restantes 98%”, como afirmou Bruno Zaga, Gestor Ambiental da HP para a região EMEA (Europa, Médio Oriente e África).

Os números apresentados por Zaga no que respeita à procura de energia evidenciam o seu crescimento acelerado mas, para o responsável, criam oportunidades para utilizar as TI como forma de aumentar a eficiência energética e oferecer soluções de baixo carbono. Vejamos, então, os números divulgados.

Estima-se que em 2035, o mundo seja habitado por cerca de 8,5 mil milhões de pessoas e que, no mesmo ano, o consumo de energia sofra uma procura acrescida de 49% . Consequentemente, as estimativas do aumento de emissões de CO2 cifram-se na ordem dos 43%. Mas, em contrapartida e ainda de acordo com Bruno Zaga, outros números parecem ser promissores: sete em cada 10 líderes de TI em todo o mundo citam a redução dos custos de energia como a motivação prioritária para perseguirem a sua estratégia verde de TI. Os custos anuais de energia perdida devido a servidores obsoletos e inactivos ascende aos 3, 7 mil milhões de dólares, sendo que, caso as grandes empresas norte-americanas e do Reino Unido optassem, por exemplo, por reuniões em telepresença (uma estratégia seguida pela HP), tal equivaleria, até 2020, a menos de um milhão de carros nas estradas.

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Para demonstrar que a estratégia ambiental seguida desde 1987 (ano em que a HP estabeleceu o seu primeiro programa de reciclagem de hardware) tem vindo a dar frutos, o responsável apresentou cifras impressionantes do impacto que o seu próprio negócio tem no ambiente: diariamente, a HP expede 110 mil impressoras, 3500 servidores e recebe, via online, a encomenda de 30 mil fotografias. Todavia e para “compensar”, a empresa não perdeu a oportunidade de divulgar os principais resultados, de 2010, decorrentes da sua estratégia integrada de sustentabilidade: 1, 4 mil milhões de kilowatts foi a quantidade de electricidade que os grandes clientes da empresa pouparam ao utilizarem o HP desktop e o PC families notebook, entre 2008 e 2010; 121 mil toneladas foi o volume de produtos electrónicos recuperados para reciclagem, incluindo 70 milhões de cartridges e 1 milhão e 180 mil toneladas é o volume de produtos recuperados, reutilizados ou reciclados pela HP desde 1987.

Na sua estratégia ambiental, a HP inclui as suas próprias soluções e boas práticas para limitar a pegada ecológica, em todas as suas quatro grandes áreas por excelência: na cadeia de fornecimento – em 2008, tornou-se na primeira empresa do sector das TI a divulgar as suas emissões, tendo conduzido cerca de 600 auditorias para assegurar que os seus fornecedores estavam a cumprir os standards por ela preconizados; no que respeita ao seu portefólio, e tendo como ponto de partida o ano de 2005, cortou em 40% a utilização de energia e de emissões nos seus produtos (nove meses antes do previsto), ao mesmo tempo que a sua solução de Gestão da Sustentabilidade e Energia para clientes os ajudou a diminuir significativamente os gastos energéticos e o consumo dos seus recursos naturais; nas operações, tem como objectivo reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 20% até 2013, a par da consolidação dos seus 85 data centres para cinco fábricas energeticamente eficientes, ajudando a reduzir os custos em 60% e, por último, mas não menos importante, elege as parcerias que tem vindo a estabelecer com ONGs, de que são exemplo o Climate Group, o Forum for the Future, o World Wild Fund e o National Resurces Defense Council, com os quais trabalha em conjunto e aborda uma panóplia de questões ambientais tanto ao nível da tecnologia, como na implementação de programas educativos e de políticas públicas.

De que forma estão os clientes da HP a reduzir o seu impacto?
A poluição da água, as alterações climáticas e os desastres provocados pela mão humana estão, de acordo com Shelley Zimmer, no topo das preocupações dos consumidores que realmente desejam contribuir para um planeta mais sustentável, reduzindo o consumo de energia e de água, apostando na reciclagem e procurando produtos que ostentem o selo “ecológico”. Na apresentação que conduziu em Milão, a responsável pela gestão ambiental do Grupo de Imagem e Impressão da HP, apresentou o papel e a tinta como as grandes preocupações da empresa para a qual trabalha. E, questiona, como pode a HP a ajudar os seus clientes a imprimir de forma mais sustentável? Os exemplos são variados e misturam tecnologia, inovação e, é claro, sustentabilidade.

Eficiência energética, abordagens sustentáveis do papel e programas de recolha e de reciclagem das cartridges são apenas algumas das formas que a HP tem vindo a desenvolver e a implementar para, em conjunto com os seus clientes, reduzir a sua pegada ecológica.

No que respeita à eficiência energética, a empresa criada por Bill Hewlett e David Packard tem já vários modelos de impressoras que, comparativamente à concorrência, utilizam 50% de energia a menos, estão preparadas automaticamente para imprimir em ambos os lados do papel, diminuindo obviamente o seu desperdício ou são fabricadas com pelo menos 20% de plástico reciclado. Todavia, a rainha da eficiência energética – a HP ENVY 100 e-All-in-One – pode orgulhar-se de ser a única impressora à face da terra livre de PVC e que utiliza cartridges que contêm cerca de 70% de plástico reciclado. E quando a questão é papel, nada mais, nada menos do que utilizar um que seja 100% reciclável e biodegradável. Já o papel utilizado para a impressão de fotografias provém de florestas certificadas e geridas de forma responsável (no seguimento do convénio assinado com o Forest Stewardship Council , organização independente, não-governamental, sem fins lucrativos, criada para promover a gestão responsável das florestas do mundo inteiro).

Mas a empresa marca pontos ainda mais consideráveis com o seu programa de recolha e reciclagem HP Planet Partners. Disponível em mais de 50 países em todo o mundo – 35 dos quais na região EMEA – e a operar desde 1991, este programa promove, de forma simples, a recolha e posterior reciclagem dos cartuchos de toner e de tinta, cobrindo já cerca de 90% das vendas globais da empresa. As empresas e os consumidores individuais interessados têm apenas que visitar o endereço www.hp.com/recycle para encomendar caixas de recolha para os cartuchos que desejam reciclar. A partir dessa altura, a empresa compromete-se a utilizar os seus avançados processos de reciclagem e a reutilizá-los de forma responsável. Desde 1991, a empresa já recolheu e reciclou 389 milhões destes cartuchos. E, no final de 2010, atingiu um marco impressionante, reciclando 908 milhões de toneladas métricas de equipamento de TI.

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Uma curiosidade: se se colocassem, lado a lado, todos os cartuchos de toner recolhidos e reciclados através do HP Planet Partners ao longo da linha do Equador, estes dariam a volta à Terra 1,36 vezes. Um bom motivo de orgulho para a empresa, sem dúvida que, com este programa, já reduziu a sua pegada de carbono em 33%. Só em 2011, o plástico reciclado pela empresa poupou o equivalente à combustão de 500 mil litros de petróleo.

A sua empresa tem um “gestor de impressões”?
Se não tem, devia. Esta é, pelo menos, a convicção de Dave Lobato, cuja apresentação teve como tema uma questão literalmente cara para as empresas: como poupar custos ao mesmo tempo que se reduz o impacto ambiental? Através do HP Managed Print Services (MPS), que transforma os processos de negócios através da optimização da infraestrutura de impressão e imagem de uma empresa. Ou seja, permite uma gestão eficaz e personalizada de todo o ambiente de trabalho, melhorando e racionalizando os fluxos de trabalho, ajudando os clientes a reduzir custos, a aumentar a sua produtividade e a reduzir a sua pegada ambiental.

Esta solução abarca todas as vertentes de impressão – hardware, instalação, consumíveis e serviços de suporte – e permite às organizações prever e gerir os custos de impressão.

De acordo com Dave Lobato, 30% das decisões de compra no que respeita às infraestruturas de TI são baseadas em considerações ambientais, sendo que no topo das prioridades se situa a eficiência energética. E é para ajudar os clientes a pouparem na sua factura energética que existe o MPS, ao qual é possível “perguntar” que custos estão associados não só ao consumo energético, como à utilização de papel e às emissões de carbono e, consequentemente, fazer uma gestão adequada para atingir a poupança.

Nas denominadas “eco-solutions”, a HP disponibiliza já uma calculadora de pegada de carbono, que permite fazer saber aos clientes “qual a sua responsabilidade em termos ambientais” e adequá-la em termos de gestão de custos. Adicionalmente, a empresa disponibiliza igualmente um Plano de Acção Verde para as TI que, através de um guia, permite aos responsáveis da área das TI elaborarem um plano, passo-a-passo, que lhes permita reduzir o seu impacto ambiental, ao mesmo tempo que poupam dinheiro e aumentam a produtividade. Através deste Green IT Action Plan, é possível, de forma holística, avaliar e gerir um qualquer ambiente de impressão, identificar e implementar estratégias para reduzir o impacto das impressões e aplicar as melhores práticas e ferramentas para envolver os utilizadores e gerir os seus esforços de mudança.

Dave Lobato citou igualmente um estudo elaborado pela Agência de Protecção Ambiental, cujas estimativas apontam para o facto de os clientes perderem 66% do seu consumo de energia durante a noite e aos fins-de-semana simplesmente por não desligarem os seus equipamentos de TI. E é por isso que a HP patenteou, em 2010, a primeira impressora munida com uma tecnologia inteligente, a HP Auto-on/Auto-off, que “sabe” que se deve desligar sozinha quando não está a ser utilizada e ligar-se instantaneamente quando os utilizadores dela precisam. De acordo com Lobato, não existe ainda concorrência para este tipo de impressora inteligente.

Os resultados que Lobato apresentou decorrentes deste tipo de ferramentas “eco” são relevantes: os custos podem atingir uma redução no valor de 30%, o consumo de energia pode baixar entre os 30% e os 80%, a pegada de carbono é significativamente reduzida e a produtividade aumenta.

No que respeita ao papel, a HP prepara-se também para lançar, a muito breve trecho, uma verdadeira inovação: o papel “fino”, com uma gramagem de 60 gsm (o papel actualmente vendido pela empresa “pesa” 75 gsm), com uma utilização reduzida de recursos naturais, o que implica também a redução de custos nos transportes, uma maior facilidade de armazenamento e de reciclagem. Em termos de pegada ecológica, a redução chega aos 22%. A má notícia é que apesar do lançamento deste tipo de papel estar agendado para ser comercializado ainda durante a Primavera de 2012, será só a América do Norte a poder disponibilizá-lo. O lançamento na Europa poderá ser feito no Outono ou, mais provavelmente, no início de 2013.

Apesar de conter muitas especificidades técnicas, o evento “HP Sustainable Printing” demonstrou como pode ser possível, para uma empresa cujas matérias-primas são sorvedoras de recursos energéticos e com grandes impactos ambientais, delinear estratégias para os mitigar. Basta pensar de forma holística, encontrar os parceiros certos, misturar inovação com vontade e acreditar que a maratona da sustentabilidade se vence com várias corridas bem-sucedidas.

“Print like the Lorax”
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O filme de animação em 3D “Lorax”, que estreou em Portugal no passado dia 22 de Março pretende, através de uma forte mensagem ecológica, sensibilizar crianças e adultos para a necessidade da protecção e da conservação do ambiente. Considerado por muitos como um casamento de conveniência entre o marketing da HP (um dos patrocinadores do filme) e a indústria cinematográfica, a verdade é que a empresa tem sabido aproveitar uma colorida e eficaz campanha que realmente une os seus propósitos comerciais aos ambientais, não só apostando no despertar da consciência ecológica dos mais novos, como também na promoção de comportamentos ambientalmente responsáveis por parte dos seus clientes. A empresa criou o “Print Like the Lorax” website, no qual encoraja as pessoas a utilizarem papel certificado (de acordo com o Forest Stewardship Council, mencionado acima e parceiro da HP) e dá a conhecer outras práticas de impressão sustentável. Todavia, o site concebido para ajudar na promoção do filme é essencialmente dedicado às crianças e às escolas, com a promoção de vários concursos de escrita e desenho e com dicas simples para os mais novos aprenderem a cuidar do ambiente. O World Wild Fund, com quem a HP tem também estabelecida uma parceria, está também associado a esta campanha.

A campanha tem ainda uma página no Facebook.

Um bom filme para crianças e adultos e uma boa sugestão para as férias da Páscoa.

Editora Executiva