O blockchain é uma das tecnologias que mais potencial tem para mudar o mundo como hoje o conhecemos. Estima-se que o seu impacto venha a ser igual, ou mesmo maior, ao da Internet no início dos anos 90, quando ganhou notoriedade e começou a ser utilizada por um maior número de pessoas
POR RUI SERAPICOS

Pense num sector. É quase certo que, mais tarde ou mais cedo, esse sector vai ser impactado por blockchain. Banca, seguradores, retalho, sustentabilidade, utilities e administração pública são apenas alguns exemplos de sectores que começam a beneficiar não só da tecnologia blockchain, mas também de diferentes modelos de negócio.

Um dos sectores que a maioria das pessoas reconhece que será impactado é o da banca e serviços financeiros, muito pela ligação do blockchain às criptomoedas, como Bitcoin. A título de exemplo para este sector, o blockchain pode ajudar a desenvolver soluções para a criação de infra-estruturas de serviços em mercados emergentes, criar novos produtos com base em sistemas preditivos e mecanismos controlados por Smart Contracts, soluções de pagamentos e transacções financeiras transnacionais facilitadas, ou mesmo ser direccionado para clientes, como por exemplo a criação de mecanismos de resolução de disputas entre consumidores.

Um outro exemplo, que diz respeito a praticamente todos os sectores que lidam directamente com clientes, é o aumento da transparência através da verificação automática de identidades, contratos ou outros registos baseados em blockchain, ou programas de fidelização baseados nesta tecnologia, cujos custos poderão ser reduzidos pela utilização de Smart Contracts que reportam transacções seguras, rastreáveis e transparentes.

Portugal e o blockchain

Sabemos que Portugal não poderá ficar atrás no que respeita à adopção, ao desenvolvimento e à implementação desta tecnologia. Actualmente, o conhecimento em blockchain por parte da maioria das empresas mundiais é relativamente baixo; as empresas portuguesas não são excepção e a adopção da tecnologia blockchainno país ainda está numa fase embrionária.

A Aliança Portuguesa de Blockchain acredita que Portugal se pode tornar num país relevante nesta matéria, com soluções inovadoras que podem, à sua maneira, revolucionar o mundo. Estando ainda numa fase inicial, há, no entanto, três bons exemplos do trabalho de organizações portuguesas com blockchain.

[quote_center]Um dos sectores que mais será impactado é o da banca e serviços financeiros, muito pela ligação do blockchain às criptomoedas[/quote_center]

Um desses exemplos é o da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios (APFIPP) que lançou uma plataforma de blockchain a nível nacional que irá tornar o processo de recolha de informação para reporte ao regulador mais eficiente e menos oneroso, facilitando a regulação e respondendo à exigência de um maior rigor e transparência no reporte das operações realizadas, para assegurar um controlo efectivo do mercado.

Um dos exemplos de start-ups mais conhecido é o caso da BitCliq, uma empresa de software com uma solução em blockchain para pesca sustentável para rastrear desde o momento da captura do peixe até à entrega no ponto de consumo.

Já a Utrust é um sistema de pagamento online, semelhante ao PayPal, mas com a diferença de aceitar criptomoedas. No fundo, os utilizadores da Utrust podem fazer compras ou transferir criptomoedas para outros utilizadores de uma forma segura, tal e qual como se faz hoje em dia com o dinheiro tradicional e o PayPal.

Por seu lado, a Aliança Portuguesa de Blockchain pretende que todos os intervenientes da economia portuguesa estejam o mais bem preparados possível para a revolução que esta tecnologia implicará em grande parte dos sectores económicos. Esta Aliança vai accionar várias iniciativas ao longo de 2018 para promover o conhecimento sobre este paradigma emergente. Uma dessas iniciativas serão roadshows que irão chegar a alunos do ensino superior e associações empresariais do país, de modo a que tanto os estudantes como o tecido empresarial possam ficar a conhecer melhor os benefícios do blockchain.

Outra das iniciativas que a Aliança vai promover são os Blockchain Challenges. Estes reptos constituem desafios criativos e tecnológicos com base em “distributed ledgers” e que serão orientados para vários sectores, como banca, seguros ou retalho, por exemplo, e que procuram responder a uma ou mais necessidades identificadas nesses sectores e que o blockchain pode ajudar a resolver.

Esta Aliança conta com um grande número de entidades que pretendem aproveitar a inovação que o blockchain traz ao mundo. Essas entidades, como a Abreu Advogados, AICEP, AMA, Associação Portuguesa de Seguradores, BCSD, Católica Lisbon School of Business & Economics, EMEL, Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Faculdade de Economia da Universidade do Porto, Fidelidade, IBM, ISEG – Lisbon School of Economics & Management, Instituto Superior Técnico, IAPMEI, IP Telecom, PME Investimentos, Porto Business School, REN, Universidade Lusófona e Vodafone, querem dar o seu contributo e ajudar os actuais e futuros líderes empresariais portugueses a aproveitarem esta revolução e a melhorar os seus negócios.

Embaixador da Aliança Portuguesa de Blockchain