Navegar, navegar e nada gastar, nada desperdiçar, tudo poupar: combustível, ambiente, recursos naturais, comunidades. É assim que o projecto da Sun Concept, que desenvolve barcos solares para recreio, actividades marítimo-turísticas e pesca, se lança às águas tantas vezes turvas do mercado nacional, aliando inovação tecnológica, design industrial e sustentabilidade. O VER embarcou na viagem de apresentação do SunSailer, na Lagoa de Óbidos. Bem-vindo a bordo de uma reportagem que revela a luz das ideias mais simples, as que brilham sobre as pessoas e sobre o planeta. Porque o sol quando nasce é para todos, e todos o podemos aproveitar
POR GABRIELA COSTA

#TheSunnySideofLife

13102016_OsolNo que respeita à ideia feita de que o dono de um barco tem duas alegrias na vida – quando o compra e quando o vende – a tradição já não é o que era. Se a aquisição, quer para fins profissionais ou para recreio, implicava até agora um esforço financeiro e logístico de tal ordem que significava, só por si, um pesado problema, hoje há uma alternativa às embarcações convencionais que, pelo menos em relação ao consumo e à manutenção, se revela bem leve.

Desde Março de 2016, há um projecto nacional que se materializa em barcos movidos a energia solar, planeados de raiz para serem custo-eficientes, silenciosos e ecológicos, e que resulta da sinergia entre inovação tecnológica, design industrial e sustentabilidade.

A ideia nasceu de “uma conversa de bar que se transformou numa conversa de barco”, entre um biólogo, um construtor naval e um contabilista, e rapidamente a intenção de apostar na produção em série de um barco que não enchesse a Ria Formosa de barulho e poluição ganhou escala ao nível do planeamento e, com recurso a capitais próprios do núcleo fundador, resultou na constituição (em Maio de 2015) e desenvolvimento da empresa Sun Concept, que investiu, “até à data, perto de meio milhão de euros”, como adianta ao VER o seu director de Estratégia e Sustentabilidade, Nuno Gaspar de Oliveira.

Hoje a primeira empresa portuguesa de embarcações eletro-solares e uma das primeiras, mundialmente, a trocar a fase de protótipo pela comercialização, disponibiliza para o mercado três modelos da linha SunSailer 7.0 – para recreio (S), actividades marítimo-turísticas (MT) e pesca (PRO) – que, com sete metros de comprimento, dois motores eléctricos de seis cavalos alimentados por um banco de quatro baterias que se carregam através de seis painéis foto-voltaicos (ou cinco, no caso da versão PRO) instalados na própria embarcação, e um casco patenteado com um calado de 40 centímetros desenhado para não deixar rasto (e assim, não agitar as águas, respeitando os ecossistemas), se destinam à utilização em zonas costeiras protegidas e zonas lagunares e ribeirinhas, como rias, estuários, rios, lagoas e albufeiras.

[quote_center]Até 2018 o objectivo mínimo é ter no mercado vinte SunSailers[/quote_center]

Atingindo uma velocidade cruzeiro de cinco nós e máxima de 7 nós (aproximadamente entre 10 a 13 km/h), estes barcos têm uma autonomia sem sol de seis a oito horas, e infinita na presença dos raios do astro-rei, mesmo com nevoeiro, já que “quanto mais andam menos gastam” como assegura Manuel Brito, CEO e principal investidor.

E este é o grande trunfo do SunSailer: não precisa de combustível. Com um nível de consumo zero, que se traduz também em zero emissões de gases de efeito de estufa, numa redução de 95% nos níveis de ruído e numa manutenção 80% mais barata do que a de um barco convencional (porque também não precisa de óleo, filtros ou velas), o barco solar concebido pela empresa de Olhão poupa 15 a 20 mil euros anuais, comparativamente a uma actividade marítima turística que navegue 500 a 600 horas por ano, com um motor tradicional de 50 cavalos.

Os preços, equiparados aos de embarcações idênticas com motores de explosão, variam entre os 24 600 euros (sem IVA), para a versão destinada a pescadores, mariscadores e viveiristas, com uma lotação de seis pessoas, os 32 400 euros (sem IVA) para a versão de recreio, para oito pessoas, e os 37 700 euros (sem IVA) para o barco com maior lotação (12 pessoas), dirigido aos operadores turísticos que operam em zonas de águas calmas ou protegidas, o target mais promissor do visionário projecto.

© Nuno Orvalho // Nuno Gaspar de Oliveira, director de Estratégia e Sustentabilidade, Manuel Lázaro Brito, CEO e investidor/fundador, João Bastos, director comercial e Manuel Costa Braz, administrador da Sun Concept
© Nuno Orvalho // Nuno Gaspar de Oliveira, director de Estratégia e Sustentabilidade, Manuel Lázaro Brito, CEO e investidor/fundador, João Bastos, director comercial e Manuel Costa Braz, administrador da Sun Concept

É um barco que faz pontes”

A pequena vila da Foz do Arelho, no concelho do Oeste das Caldas da Rainha, acordou ensolarada surpreendendo quem a conhece pelo seu instável microclima, na manhã de 8 de Outubro, dia de apresentação do projecto da Sun Concept. Desde a véspera, o SunSailer MT aguardava, à entrada do Hotel da Fundação Inatel, o raiar do sol para brilhar na bela Lagoa de Óbidos, onde proporcionou vários passeios ao longo da tarde.

Perante uma audiência de muitas dezenas de participantes, entre autarcas, representantes de associações ambientais e do sector energético, potenciais investidores turísticos e utilizadores dos serviços destes barcos bem como alguns curiosos, Nuno Gaspar de Oliveira, Manuel Costa Braz, administrador e João Bastos, director comercial da Sun Concept, entusiasmaram os presentes com o dinamismo e coesão da equipa que se aventurou nesta viagem “por carolice” e que quer navegar bem longe, para lá da costa portuguesa, contando já, para o efeito, com dez trabalhadores dedicados ao desenvolvimento e produção das embarcações a partir do estaleiro de Olhão.

Orgulhoso pela chancela nacional do barco mais sustentável de Portugal, Manuel Costa Braz adiantou à plateia que a Sun Concept tem na calha a construção de “um estaleiro junto à Ria Formosa totalmente auto-sustentável”, que utilize exclusivamente “energia ecológica” (eólica ou solar), e que permita rentabilizar o estacionamento dos barcos adquiridos à empresa, sempre ligados à corrente, aproveitando a energia eléctrica gerada para o consumo do estaleiro e diminuindo, assim, os custos de logística dos proprietários.

[quote_center]A construção de um estaleiro ecológico na Ria Formosa pode ser o epicentro de um novo pólo de desenvolvimento regional sustentável[/quote_center]

Sublinhando também a sustentabilidade do projecto, João Bastos explicou como o SunSailer “consegue navegar com uma linha de água mínima” (os referidos 40 cm), o que permite que “o casco se movimente sem deixar esteira” (rasto), protegendo deste modo os vulneráveis ecossistemas das zonas lagunares e ribeirinhas e diminuindo radicalmente a perturbação para as outras embarcações, assim como para os banhistas. E retratou como este barco solar é tão silencioso que todos quantos nele embarcam (incluindo a própria equipa da empresa, na fase de testes) perguntam se o barco já está a trabalhar.

Contanto com o Grupo Siroco como parceiro de negócio, o projecto da empresa algarvia disponibiliza neste momento barcos “ideais para turismo, numa perspectiva mais empresarial ou de lazer, se pensarmos também em utilização pessoal”. Porém, estes mesmos barcos, especialmente o SunSailer MT, com os seus 12 lugares, são ideais também para serviços de transportes, do tipo táxi, para fazer a ligação entre comunidades ribeirinhas ou fornecer serviços sociais, por exemplo, no apoio a crianças, jovens e idosos, quer como meio de transporte quer para actividades de educação ambiental ou de animação cultural.

Como explica ao VER o director de Estratégia e Sustentabilidade da Sun Concept, “é um barco que faz pontes, leva as pessoas a cruzar margens a custo zero”. Tanto entre duas partes de uma cidade, como em Vila do Conde ou Aveiro, como entre regiões de países irmãos, como o Alto Minho e a Galiza ou nas margens do Guadiana internacional, “entre tantas outras oportunidades para estabelecer pontes solares entre sítios e pessoas”.

Mas ainda ao nível do turismo, “algo que temos vindo a detectar é que muitas unidades hoteleiras ou pequenos clusters de turismo rural têm falta de oferta em termos de actividades próprias e, quer no uso directo (compra do barco) ou no uso indirecto (compra de serviços a quem tenha o barco) podem beneficiar muito de ter uma oferta complementar de lazer, recreio ou de observação de vida selvagem”, conclui Nuno Oliveira.

Também em termos de actividades ligadas à pesca e aos recursos naturais, os mentores do SunSailer esperam que estes barcos, “numa forma mais simplificada e melhor adaptada”, possam servir para pescadores de águas abrigadas, mariscadores, apanhadores de algas, aquicultores e para actividades ligadas à protecção da natureza, como vigilância de áreas naturais, monitorização de biodiversidade, salvamentos de animais, controlo de plantas exóticas e investigação, “entre tantos outros fins como aqueles que se queiram imaginar”. De facto, também aqui o sol quando nasce é para todos.

© Nuno Orvalho
© Nuno Orvalho

Wait and ‘sea’

Mas como poderão as empresas de actividades marítimo-turísticas e de pesca das comunidades instaladas em zonas de águas calmas ou protegidas ficar sensibilizadas para a sustentabilidade deste projecto, e de que incentivos poderão estes pequenos negócios locais vir a beneficiar no âmbito deste investimento?

A aquisição de um SunSailer “não é assim tão diferente” da aquisição de uma outra embarcação para os mesmos fins, em termos de actividade socioeconómica, garante Nuno Oliveira. Afinal, “todos os barcos custam dinheiro, mas enquanto uns custam ainda mais dinheiro enquanto se movem, o nosso poupa de forma inacreditável, permitindo que grandes somas correspondentes aos custos evitados com combustíveis e impostos possam ser reservadas para o bem-estar das pessoas e famílias” que apostarem no projecto. Já para não falar “na quantidade de dias de trabalho adicionais que podem ter, nomeadamente no ramo do turismo e lazer”. Por exemplo, um casal que queira, em época baixa, dar um passeio numa marítimo-turística vê muitas vezes o seu direito negado por razões simples: o serviço não ‘paga’ o combustível. Se não houver combustível para pagar, o operador pode sair sempre que quiser ou precisar, mesmo que leve apenas uma passageiro solitário, esclarece.

[quote_center]A Sun Concept apoia os estudantes do Técnico Solar Boat, que estão a construir um barco solar de corrida[/quote_center]

Para o especialista em Sustentabilidade, o crescimento de apoios para o desenvolvimento regional, economia de baixo carbono e mobilidade suave/eléctrica “irá ser muito benéfico”, ao permitir que os interessados submetam projectos “até com objectivos mais ambiciosos do que teriam se comprassem os barcos com fundos próprios, podendo assim beneficiar dos estímulos a uma economia mais verde”.

Mesmo sem esses incentivos (ainda), a Sun Concept já vendeu três embarcações – dois para a Ria Formosa e um para o Douro – e conta fechar dois novos contratos, no Algarve e no médio Tejo, tendo em análise “mais de uma dúzia de pedidos de informação”.

Até ao final do ano a expectativa é de ter pelo menos mais cinco embarcações encomendadas para começar a entregar a partir dos meses de Março e Abril, “altura em que efectivamente começa a haver venda de barcos”, perspectiva também Nuno Oliveira. Trata-se de “um produto muito sazonal, apesar de poder ser negociado em qualquer altura do ano” e, naturalmente, o grosso das vendas dá-se na primavera, antecipando o principal uso, durante o verão. De qualquer forma, e até 2018, “o nosso objectivo mínimo é ter no mercado vinte SunSailers… e mais qualquer coisa”, prevê.

De resto, a empresa tem, desde o seu arranque, planos para desenvolver outro tipo de embarcações solares, como por exemplo catamarans de 12 ou 18 metros, com capacidade de sair a mar aberto e transportar 30 ou 40 pessoas, seja para ir ver golfinhos e baleias ou para chegar a outros destinos. E, no desenrolar deste ano, acabou por desenvolver “uma relação muito estreita” com a equipa do Técnico Solar Boat, um grupo de estudantes do Instituto Superior Técnico que estão a construir um barco solar de corrida para a Monaco Solar1 Race, entre outras provas: “somos patrocinadores desta equipa pluridisciplinar e, em troca, temos obtido um grande apoio em termos de apontamentos e ideias para o desenvolvimento de novas embarcações. É uma parceria para crescer e que vai dar que falar”.

Neste sector da náutica também acontece com frequência o pedido de projectos especiais, como o de um cliente “que queira um barco de rio para levar 60 pessoas por essa Europa fora… ou fora desta Europa. Tudo pode acontecer”, diz, entusiasmado, o responsável pela estratégia da empresa de construção de embarcações eletro-solares.

No que toca a perspectivas de internacionalização do projecto, numa primeira fase (dois anos) a Sun Concept pondera explorar ao máximo o mercado nacional e iniciar a expansão para Espanha, “por estar mesmo aqui ao lado e por ter um território com valências muito semelhantes”. Paralelamente, o espaço da União Europeia, incluindo os países a norte da mesma e a expansão a leste, “afigura-se como um mercado imenso que nos vai obrigar a afinar modelos e estratégias mas que, a médio e longo prazo, se revelará fundamental para o nosso crescimento sustentável”.

O que não descarta que seja “com bons olhos que imaginamos barcos nossos na baía de Guanabara, no lago Titicaca, a descer o Nilo, a ligar as ilhas tailandesas, nos mil lagos filandeses, no delta do Danúbio, no estuário do Mekong… o mundo é um sítio grande e o sol é o maior denominador comum de todos”, conclui Nuno Oliveira.

Por cá, o sonho a médio prazo passa pelo lançamento do estaleiro ecológico da Ria Formosa, “até porque só com um estaleiro adequado é que podemos criar os novos modelos e capacidade de resposta ao crescimento e diversificação”. Trata-se de “um projecto ambicioso” que assenta em três premissas: restauro de áreas urbanizadas e degradadas; construção com materiais e técnicas sustentáveis e, “claro está”, independência energética. “Ainda não temos muito para revelar, mas podemos adiantar que será uma pequena revolução em termos da logística de marina, e pode ser o epicentro de um novo pólo de desenvolvimento regional sustentável”.

Perante tantas e tão boas expectativas, o melhor é wait and ‘sea’, como brinca o responsável. Até lá, muitos serão os passeios de divulgação deste barco solar, sob o mote ‘Pode um barco solar mudar o conceito de turismo?’. O próximo acontece já no dia 15 de Outubro, em Vila Nova de Cerveira.


© Nuno Orvalho
© Nuno Orvalho

“Somos os últimos a despedirmo-nos do sol”

Nuno Gaspar Oliveira é não só o director de Estratégia e Sustentabilidade da Sun Concept como um especialista nas questões da sustentabilidade, biólogo, consultor e responsável de gestão estratégica de serviços nas áreas de ecologia e ecossistema. Acima de tudo, é um amante inveterado da vida, da natureza e do planeta. À margem do lançamento do novo barco solar que já navega em Portugal, o VER colocou-lhe, a partir das suas próprias convicções, quatro questões de fundo, e sem fundo no que respeita à navegação futura desta ‘casa global’ que é a Terra

Que oportunidades reais, ao nível da sustentabilidade, pode criar “uma economia dos ecossistemas”?

Um ecossistema natural é um sistema perfeito, gera valor enquanto funciona, depura erros, resolve problemas, cria oportunidades, inova formas e funções. Essa é a nossa maior inspiração, mimetizar o que a natureza faz com sabedoria e milhões de anos de experiência.

Imaginem um barco solar que inspira a mudança e, em breve, toda uma região está gradualmente a substituir os seus meios de transporte convencionais por alternativas mais sustentáveis. Todos os impactes que existiam em termos de poluição, ruído, stress, custos económicos com a dependência energética, entre outros custos societais, irão desaparecendo e sendo substituídos por objectos de forma e função mais harmoniosa, melhor enquadrada com o seu meio e a gerar bem-estar social e ambiental, ao mesmo tempo que se vai recuperando o equilíbrio no tecido económico local. Este é de facto um barco pensado para fazer pontes que nem sempre são físicas.

Como é que “meia dúzia de pequenas empresas podem transformar os desafios globais”, alguns “com consequências absolutamente assustadoras”?

O já velhinho slogan do pensar global – agir local ainda está perfeitamente pronto a usar, diria mesmo que tem uma data de validade infinita. Temos todos a oportunidade de agir de forma proactiva em direcção a um futuro melhor e, para isso, temos que estimar e acalentar o dia de hoje, talvez por isso lhe chamemos ‘presente’. Pequenas coisas que geram grandes ondas, chamem-lhe o efeito borboleta ou uma espécie de bilhar cósmico. Acreditamos que quando se fazem coisas boas, coisas boas acontecem.

As alterações climáticas, a degradação ecológica, o lixo, o consumismo, o paradigma do petróleo, tudo isso nos afecta e por isso nos deve inspirar a procurar estímulos e alianças para criar as soluções possíveis que estejam ao nosso alcance. Nós estamos a construir barcos solares, e vocês?

De que modo o mercado de energia solar contribui já, a nível global, para o novo paradigma energético? Como se situa Portugal neste sector, face à Europa e ao resto do mundo?

Sendo o país mais ocidental da Europa, somos os últimos a despedirmo-nos do sol todos os dias. E quando olhamos para aqueles raios pós ocaso a iluminar as nuvens com todas as cores imaginárias ficamos maravilhados. Que belo espectáculo… e de borla! O sol é assim, generoso e de confiança, e no entanto ainda nos agarramos a um recurso finito que, ao gerar enorme crescimento e bem-estar durante os últimos 150 anos, trouxe também ao de cima o pior que há na ganância e luta pelo poder.

A democratização absoluta trazida pelo sol, os ventos, as ondas e marés, o calor da terra, vai destronar impérios mas vai fazer florescer muitas comunidades e regiões que ficaram sob o obscurantismo do culto do petróleo e das jogadas no grande xadrez mundial. Não me apetece falar em números, do que somos e do que os outros fazem. Antes quero falar do absurdo do tão pouco que ainda fazemos e do tanto que há para fazer.

Através de projectos sociais e ambientais como o SunSailer, que contributo pode dar o turismo – com enorme potencial de crescimento – ao desenvolvimento sustentável futuro?

Nosce Te Ipsum’, diziam os velhos gregos. Conhece-te a ti mesmo, e nos outros conhecemos tanto sobre nós próprios. Noutras paisagens, noutros contextos, noutras culturas, sempre debaixo do mesmo sol. O turismo está a desenvolver-se muito para além do praia-e-copos ou da colecção de carimbos no passaporte.

Milhões de pessoas deslocam-se todos os anos para fazer ‘volunturismo’, uma espécie de hibridização entre passeio e ajudar os outros. Milhões de famílias aproveitam as férias para levar as suas crianças e jovens a conhecer muitos dos locais históricos onde as várias civilizações cresceram e pereceram com o objectivo de lhes ensinar sobre a frágil e magnífica condição humana. Milhões de seniores (que não aceitam serem chamados de idosos) procuram experiências que realizem sonhos que foram ficando adiados e vibram com as novas ofertas de um turismo mais ecológico e responsável para com a sociedade e o ambiente.

Milhões de pessoas exercem pequenos negócios ou gerem organizações que dependem dos fluxos económicos vindos do turismo para criar melhores condições para as suas famílias e comunidades. O barco solar é uma de muitas opções para ajudar a tornar tudo isto possível, num novo ecossistema humano, algures entre a Terra mãe e o Sol que nos mantém a girar num cantinho minúsculo de um universo imenso.