A esmagadora maioria (85%) dos empresários e gestores inquiridos no Barómetro de Fevereiro da ACEGE prefere a venda do Novo Banco à nacionalização. Quanto ao acordo de concertação social que prevê a redução do Pagamento Especial Por Conta, 62% preferiam a descida da TSU como medida compensatória do aumento do salário mínimo nacional. O inquérito mensal que ausculta o sentimento económico do País revela ainda que a maior parte dos executivos discorda da criação de quotas de género nos cargos de liderança empresarial
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Os empresários nacionais preferiam a descida da Taxa Social Única (TSU) à redução do Pagamento Especial Por Conta (PEC), para compensar o aumento do salário mínimo nacional. De acordo com o Barómetro de Fevereiro da ACEGE – Associação Cristã de Empresários e Gestores, 62% dos inquiridos consideram que o desagravamento da TSU seria uma contrapartida melhor (contra apenas 18% que pensam o contrário), e 52% discordam do acordo entre Governo e parceiros sociais alcançado em sede de concertação, no qual se optou pela redução do PEC, na sequência do chumbo da Assembleia da República ao consenso inicial sobre o alívio da contribuição das empresas para a Segurança Social. 32% dos gestores que se pronunciam este mês são favoráveis a este acordo.

Segundo os resultados do inquérito realizado em parceria com o Observador, a TSF e a Netsonda, uma esmagadora maioria de 85% manifesta-se a favor da venda do Novo Banco e somente 6% se declaram a favor de uma nacionalização. Já quando questionados sobre o facto de a Caixa Geral de Depósitos ter chumbado o plano de revitalização da Quinta do Lago, perdendo, desta forma, a possibilidade de recuperar, por aquela via, um crédito no valor de 278 milhões de euros, os empresários afirmam-se claramente contra, com 78% dos respondentes a avaliar esta desistência de forma “negativa” (apenas 4% consideram a medida “positiva”).

Ainda no domínio financeiro, os recentes reforços das participações de investidores estrangeiros no capital de bancos nacionais, como o Millennium BCP e o BPI, são encarados por uma maioria de 58% como “positivos” e por uma minoria de 37% como “negativos”.

[quote_center]A maioria dos executivos considera que não existe desigualdade de género no acesso a cargos de liderança[/quote_center]

O último barómetro mensal da ACEGE ausculta também a opinião dos empresários e gestores sobre o projecto do Metro do Porto que irá permitir, entre 2018 e 2021, ganhar mais seis quilómetros que ligarão São Bento à Casa da Música, e criar estações nos dois maiores centros hospitalares da região, Santo António, no Porto, e Santos Silva, em Gaia. A iniciativa é “positiva” para 89% dos inquiridos (e só 3% discordam da mesma). Positiva, para 61%, é também a intenção do Governo de criar 12 estradas para ligar zonas empresariais às auto-estradas nas regiões norte e sul do país, com recurso a fundos nacionais. 25% dos empresários manifestam-se contra esta intenção.

Empresários cristãos contra quotas de género

A questão da igualdade de género é outro tema escrutinado no Barómetro da ACEGE, do Observador e da TSF, com resultados surpreendentes, mas pela negativa. À questão “concorda com a existência de quotas de género nos órgãos de administração e de fiscalização das empresas” três em cada quatro (75%) empresários respondem “não”. E também uma maioria, mas de 51%, considera que não existe em Portugal desigualdade de oportunidades no acesso a cargos de liderança por parte das mulheres. Como comenta, em declarações à TSF, o presidente da Associação Cristã, este resultado é inesperado: “confesso a minha estranheza em relação ao tema, mas é um facto”, diz João Pedro Tavares.

O inquérito, que mensalmente toma o pulso ao sentimento económico face às questões da actualidade, inclui a questão fixa “Como define o seu estado de espírito em relação ao País?”. A exemplo das edições anteriores, os executivos continuam a revelar principalmente um sentimento pessimista. Os empresários e gestores “moderadamente pessimistas” constituem a maioria, com 45% das respostas (um agravamento significativo face à edição de Janeiro do Barómetro, que registou 38% neste pessimismo moderado). Seguem-se os que não estão “pessimistas nem optimistas”, com 21% (25%, em Janeiro); os “moderadamente optimistas”, com 20% (22%, no mês anterior) e, por fim, os “francamente pessimistas”, com 13% (12%, em Janeiro). Como também vem sendo habitual, ninguém se manifesta francamente optimista em relação à actual situação do País.

Realizado em colaboração com a Netsonda junto de altos responsáveis de empresas portuguesas, este inquérito mensal é constituído por perguntas de sentimento económico formuladas pelos três parceiros da iniciativa e enviadas aos gestores associados da ACEGE. A presente edição do Barómetro foi realizada entre os dias 9 e 20 de Fevereiro, período durante o qual foram questionados 1259 empresários e validadas 205 respostas.

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