Em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Para fazer face a esta assustadora conclusão de um estudo pioneiro da Ellen MacArthur Foundation que dita que, sem uma nova abordagem assente nos princípios da economia circular, será impossível controlar as consequências drásticas para os ecossistemas da acumulação de poluição marítima, há projectos inovadores, como o SeaVax, um navio auto-tripulado sustentável que ‘aspira’ os detritos deste sub-produto do petróleo. E pessoas como Jeff Bridges, que lutam por um novo mundo ‘desplastificado’
POR
GABRIELA COSTA“O plástico é uma substância que a Terra não pode digerir” – Plastic Pollution Coalition

A poluição causada pela acumulação de plástico nos oceanos é uma preocupação crescente ao nível da sustentabilidade ambiental, que se materializa actualmente em mais de oito milhões de toneladas de detritos espalhados pelos cinco oceanos, os quais entram na cadeia alimentar dos peixes e, posterior e necessariamente, no consumo alimentar humano. Trata-se de uma questão com consequências cada vez mais nocivas, quer para a ecologia dos oceanos quer para a denominada economia do mar, e que, indirectamente, afecta também o equilíbrio da própria humanidade, já que “todo este plástico, depois de ingerido por muitos peixes, acaba nos nossos pratos”.

“SeaVax” © Bluebird Marine Systems
“SeaVax” © Bluebird Marine Systems

Mas, e apesar de estudos recentes ditarem que até 2050 haverá uma maior quantidade de plástico que de peixes no mar, o que parece tornar impossível a resolução deste problema – tão gigante como os dois terços da superfície da Terra coberta por água -, há iniciativas que visam, pelo menos, reduzir os efeitos da poluição marítima de uma forma inovadora: uma equipa de investigadores da Bluebird Marine Systems, organização que actua como um think tank e centro de pesquisa para o desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à sustentabilidade dos oceanos, sedeada em Sussex, no Reino Unido, desenvolveu uma ideia tecnologicamente inédita, para fazer face aos incalculáveis danos provocados pela acumulação de plástico na “grande ilha de lixo” localizada no Giro do Pacífico Norte, a qual equivale a “uma enorme área com duas vezes o tamanho da França”.

Trata-se do SeaVax, um navio movido a energia solar e eólica que, literalmente, aspira os desperdícios de plástico do mar, limpando mais de 22 milhões de quilos de detritos por ano. Este navio auto-tripulado que canaliza os resíduos plásticos (sólidos ou micro partículas) para a superfície, sugando-os à medida que se desloca de um modo totalmente autónomo, através de uma plataforma de painéis solares no convés e duas turbinas eólicas, integra a bordo um sistema triturador dos destroços maiores.

A captura dos detritos é temporariamente armazenada num compartimento de carga, com capacidade para 150 toneladas de plástico, até serem descarregados para reciclagem. Mas, e para garantir que este sistema a vácuo não apanha, acidentalmente, fauna marítima, o equipamento dispõe também de sensores especiais para proteger a vida animal.

O primeiro modelo do SeaVax já foi construído e o seu conceito apresentado à organização governamental inglesa Innovate UK, em Novembro do ano passado. Os seus criadores estão actualmente em fase de lançamento do protótipo deste equipamento, de acordo com a informação veiculada no site oficial da equipa de empreendedores, e anunciaram que este robot aspirador do lixo nos oceanos será capaz de gerar energia suficiente para processar uma média de 89,9 milhões de litros de água do mar por ano, o que se traduzirá nos referidos 22,4 milhões de quilos de plástico removido, por exemplo em estuários, onde se verificam grandes concentrações à superfície destes detritos. Mas para que tal se venha a concretizar, os jovens precisam de reunir recursos, incluindo financeiros, para implementarem o projecto no mercado e começarem a obter resultados.

Manifestação na África do Sul, no âmbito da maior mobilização pelo Clima da história, que dinamizou mais de 2500 iniciativas em 150 países - © LeeBotha / Avaaz
Manifestação na África do Sul, no âmbito da maior mobilização pelo Clima da história, que dinamizou mais de 2500 iniciativas em 150 países – © LeeBotha / Avaaz

Uma ponte entre o mundo que temos e o que queríamos ter

A Avaaz, comunidade transnacional de mobilização online que actua em prol de causas internacionais urgentes, da pobreza à corrupção, conflitos armados, migrações e alterações climáticas, dando voz à sociedade civil para fazer lobbying junto dos decisores políticos, a nível global, apoia o projecto do SeaVax.

Considerando a iniciativa “um excelente exemplo de como as pessoas podem fazer a diferença”, e uma ideia “genial” no contributo que poderá dar para a defesa ambiental dos oceanos, já que “apenas alguns destes navios podem limpar todo o lixo [acumulado] em dez anos”, a organização, que mobiliza milhões de pessoas através de uma equipa profissional e de voluntários que opera em quatro continentes, lançou uma campanha com vista à recolha de donativos, que conta já com a participação de mais de 50 mil pessoas.

O objectivo é ajudar a financiar este projecto colectivamente, de modo a tornar a ambição dos seus criadores uma realidade, a partir do mote “pelo preço médio de uma refeição, é possível limpar até 170 mil fragmentos de plástico”. Paralelamente, a campanha da Avaaz visa “pressionar os governos a ampliarem o alcance de invenções como esta”.

Esta comunidade de mobilização global pretende alargar a exposição desta causa a outros projectos contra a poluição dos oceanos, alertando para o impacto da acumulação de plástico nos ecossistemas marítimos, particularmente negativo quando o plástico se desintegra em pequenos pedaços que obstruem a boca e sistema respiratório (como as guelras) de animais como os peixes, tubarões, golfinhos e aves marinhas.

[quote_center]O plástico “é o ‘burro de carga’ da economia moderna[/quote_center]

A organização, que actua há vários anos em prol dos oceanos com sucesso no desenvolvimento de grandes campanhas, como a criação de algumas das maiores reservas oceânicas nas ilhas Chagos, no oceano Índico, e no Pacífico americano, ou a proibição do uso indiscriminado de sacos plásticos em várias cidades do mundo, quer chamar a atenção sobre o exemplo do SeaVax para iniciar uma onda global de consciencialização que resulte na limpeza dos oceanos, nomeadamente em relação às quantidades industriais de lixo no Pacífico.

Para além da limpeza da poluição já existente nos vários oceanos, a Avaaz pretende, no âmbito desta acção, trabalhar com outras entidades para reduzir o fluxo de plásticos para o oceano nos países mais poluentes; identificar outras ideias ambiciosas para limpar o lixo com recurso a novas tecnologias; organizar limpezas comunitárias em praias para impedir que mais plástico chegue aos oceanos; e pressionar os governos para limitar ou banir o uso de plástico, como sucedeu recentemente em São Francisco, onde as garrafas de água plásticas foram proibidas.

O modelo de mobilização online da Avaaz – dinamizado através da assinatura de petições, financiamento de campanhas e causas sociais, ambientais e de direitos humanos, pressão sobre governos e decisores políticos através de contactos directos e reiterados, e organização de protestos e eventos nas ruas – permite que milhares de acções individuais, ainda que de pequena dimensão, resultem numa poderosa força colectiva, garantindo “que os valores e visões da sociedade civil global” influenciam “as decisões governamentais que a todos afectam”. Ou, nas palavras desta comunidade que, tendo na génese do seu nome uma palavra que significa “voz” em diversas línguas europeias, asiáticas e do oriente médio, dar voz às vozes dos cidadãos de todo o planeta, “para construir uma ponte entre o mundo em que vivemos e o mundo que a maioria das pessoas quer” para viver.

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Na nova economia o plástico nunca se torna desperdício

Em 2050, haverá mais plástico do que peixes nos oceanos. Esta assustadora afirmação sintetiza a principal conclusão do estudo “The New Plastics Economy: Rethinking the future of plastics”, cujos dados, da autoria da Ellen MacArthur Foundation, foram apresentados, em Janeiro, no Fórum Económico Mundial de Davos.

A utilização maciça de plásticos é de tal ordem que, em relação à quantidade de fauna marinha, a proporção deste componente orgânico de polímeros sintéticos produzido a partir de petróleo, que era já de uma para cinco toneladas de peixes, em 2014, passará a ser de uma para três toneladas, em 2025, e os detritos plásticos vão ultrapassar a quantidade (em peso) de peixes que habitarão nos oceanos em 2050, alerta o documento.

Segundo a Fundação, cuja missão primordial é acelerar a transição para a economia circular, aplicar os princípios deste novo modelo económico aos crescentes fluxos de embalagens plásticas, a nível mundial, poderá transformar a indústria do plástico e reduzir drasticamente consequências como a sua deposição nos oceanos. O relatório, elaborado em 2015 em parceria com o FEM, com o apoio analítico da McKinsey (e integrado no projecto Mainstream, uma iniciativa multi-indústria, a nível global, que visa impulsionar inovações no mundo dos negócios para ajudar a desenvolver, em escala, a economia circular), fornece uma visão pioneira sobre a economia global, segundo a qual o plástico produzido numa se torna num desperdício, projectando medidas concretas para alcançar a mudança sistémica exigida.

[quote_center]Apenas 5% do total de plástico é efectivamente reciclado[/quote_center]

Para além dos preocupantes resultados ambientais desta projecção que, de resto, têm já efeitos bem visíveis a nível do desequilíbrio dos ecossistemas marítimos e também na cadeia alimentar marinha, a qual acaba, depois, no sistema de consumo humano, o actual sistema de produção, utilização e descarte de plásticos representa hoje custos financeiros de cerca de 80 a 120 mil milhões de dólares, só no que diz respeito àqueles que se perdem anualmente no consumo mundial.

Num comunicado divulgado em Davos, os autores do estudo lamentam esse valor, sublinhando que o mesmo corresponde a 95% do total desta indústria, muito devido ao número de embalagens e sacos de uso único: “apenas 5% do total de plástico é efectivamente reciclado, enquanto 40% é depositado em aterros sanitários e de lixo, e um terço em ecossistemas frágeis, como os oceanos”. O grosso da produção remanescente “é queimada, gerando energia, mas originando mais combustíveis fósseis utilizados na produção de novos sacos, copos e outros materiais plásticos de consumo”.

Tudo isto, apesar “da procura crescente”, nomeadamente por parte dos mercados emergentes (a qual deveria constituir uma razão primordial para alternativas de produção ecológicas), por esta matéria-prima que serve para o fabrico dos mais variados objectos, na sociedade de consumo, mas que a par de “características imbatíveis” como a sua resistência, versatilidade, preço e elevada durabilidade, comporta, como é sabido, enormes riscos ambientais.

O plástico “é o ‘burro de carga’ da economia moderna” (graças a essas características). Contudo, é também o principal material de utilização única”, sintetiza Martin Stuchtey, do McKinsey Center for Business and Environment, para logo sugerir: “só uma onda de inovação poderá transformar” esta realidade.

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Quase totalidade do lixo marítimo gerada por 20 nações

Ora, se por um lado, vários países têm tentado limitar a utilização deste poluente – na Itália (em 2013) e em França (já este ano), os sacos de plástico de uso único foram proibidos; e no Reino Unido, a legislação impõe que os consumidores paguem pelos sacos plásticos, exemplo que foi seguido por Portugal no início de 2015, no âmbito da lei da reforma da fiscalidade verde –, por outro, “a falta de sistemas de tratamento de lixo alimenta a entrada de plástico no oceano”.

Razão pela qual “a mais alta prioridade” é ajudar todas as nações a desenvolver este tipo de estruturas, como afirmou em 2015 o investigador Roland Geyer, da Universidade da Califórnia, no âmbito de uma pesquisa global a cargo do UC Santa Barbara’s National Center for Ecological Analysis and Synthesis (NCEAS), liderada pela engenheira ambiental Jenna Jambeck, da Universidade da Georgia. Até porque é impossível recolher o plástico do fundo dos oceanos, onde se acumulam previsivelmente grandes quantidades de micropartículas, em número impossível de contabilizar, considerando que a sua profundidade média é de 4,2 mil metros (podendo chegar aos 11 mil). Estes resíduos fragmentados em pequenos pedaços estão a ser ingeridos por animais marinhos, prevêem os cientistas, o que resulta em consequências desconhecidas.

[quote_center]É urgente repensar totalmente as embalagens[/quote_center]

Os dados agora apresentados pela Ellen MacArthur Foundation em parceria com o Fórum Económico Mundial são corroborados por esta investigação, publicada na revista Science e apresentada no encontro anual da American Association for the Advancement of Science (bem como por outras investigações a cargo de instituições como o Woods Hole Oceanographic Institution e o britânico Centre for Environment, Fisheries and Aquaculture Science).

De acordo com a pesquisa do NCEAS, o plástico lançado anualmente aos mares poderia cobrir toda a área da ilha de Manhattan, em Nova Iorque, 34 vezes, com uma camada de lixo à altura dos joelhos de uma pessoa, ou seja, equivale a uma média de 8 milhões de toneladas. Esta quantidade de detritos supera entre 20 a 2 mil vezes os cálculos anteriores sobre a massa deste sub-produto do petróleo levada pelas correntes oceânicas, de acordo com o mesmo estudo, considerado um dos melhores esforços para quantificar o plástico despejado, queimado ou arrastado para o mar.

Os investigadores procuraram quantificar não apenas o material que é encontrado à superfície ou nas praias, mas também projectar a quantidade total de plástico existente hoje nos oceanos, a partir da elaboração de cenários com base em dados populacionais centrados em informações sobre a quantidade de lixo gerado e gerido, ou negligenciado. Cenários esses que, para o ano de 2010, variam de 4,8 milhões a 12,7 milhões de toneladas (de onde resulta a média de 8 milhões de toneladas divulgada como o valor anual de plástico que termina o seu ciclo de vida nos oceanos).

A equipa estimou ainda que a quantidade de plástico lançada anualmente ao mar pode alcançar 17,5 milhões de toneladas até 2025, o que significa que até lá 155 milhões de toneladas chegarão aos oceanos.

Quanto à lista de países que serão os maiores responsáveis pelo despejo desses resíduos, segundo os cientistas, as 20 nações que despejam as maiores quantidades deverão ser responsáveis por 83% do plástico mal gerido que pode entrar nos oceanos.

A China ocupa o topo da lista, produzindo mais de um milhão de toneladas, embora com a atenuante de ser um país com uma população enorme e uma grande extensão da sua costa; os Estados Unidos – país que também tem uma grande área costeira, mas adopta melhores práticas de tratamento do lixo, embora registe altos níveis de consumo de plástico per capita – ocupam o 20º lugar do ranking elaborado no âmbito da investigação global levada a cargo no ano passado; e a União Europeia, analisada no conjunto dos Estados-membros, ocupa a 18ª posição entre os que mais dejectos de plástico deixam que sejam arrastados dos aterros sanitários pelas chuvas, ou que os despejam directamente na nascente dos rios e junto à orla costeira.

Perante esta concentração da poluição marítima em tão pouco países, os especialistas recomendam que as nações ricas reduzam o seu consumo de produtos descartáveis e embalagens e sacos de plástico, e que os países em desenvolvimento melhorem os seus sistemas de tratamento do lixo.

‘Desplastificar‘ o futuro

14042016_NaOnda5Face aos dados apresentados, os especialistas da Ellen MacArthur Foundation alertam que é urgente repensar totalmente as embalagens e os plásticos em geral, encontrando alternativas ao petróleo como material de base para sua produção, e avisam que caso isso não aconteça, o plástico representará 20% da produção petrolífera em 2050 (face aos 5% registados à data de elaboração do estudo, 2015).

Paralelamente, é necessário estabelecer canais de reciclagem e reutilização do plástico, concluem. O problema é que a própria indústria de reciclagem de plástico também se está a ressentir da recente queda no preço do barril do petróleo. Hoje é mais caro recuperar este material e processar os seus hidrocarbonetos para reciclá-los do que utilizar crude virgem, concluem os analistas.

Neste contexto, e apesar de os “modelos de produção e consumo lineares” serem “cada vez mais questionados”, principalmente nos “sectores onde existem grandes volumes de baixo valor, como as embalagens de plástico”, como declarou a propósito dos resultados do estudo “The New Plastics Economy: Rethinking the future of plastics” a navegadora e defensora da economia circular, Ellen MacArthur, com os bioplásticos mais caros que os sub-produtos do petróleo e a ineficiência nos sistemas de reciclagem, a resolução deste problema será tudo menos fácil. Principalmente porque a industria do plástico está a falhar em toda a linha, na abordagem ao tema.

Contudo, há vários caminhos a trilhar nesta batalha: uma boa parte da solução passa por “repensar a forma como as mercadorias são embaladas, reduzindo a procura de bens em plástico”, diz a Ellen MacArthur Foundation. As películas hidro-solúveis, por exemplo, podem facilmente servir de invólucro para pequenos artigos, sugerem os especialistas. Os plásticos dificeis de reciclar, como o PVC e o poliestireno expansível devem, tanto quanto possível, ser eliminados. Por outro lado, os fabricantes devem repensar o design dos materiais plásticos e os métodos de produção, deforma a que estes sejam mais facilmente reutilizados ou reciclados. Os produtos fabricados com plástico resultante de compostagem, como sacos de borracha ou embalagens para produtos alimentares, devem ser promovidos a uma escala industrial. E uma dupla abordagem do plástico enquanto material reciclável e de compostagem deve também ser tida em conta. Finalmente, é de reter a criação de etiquetagem com informações químicas que impeça o descarte de plásticos usados nos rios, e o desenvolvimento de plásticos ‘bio-benígnos’.

Para a recordista da circum-navegação a solo mais rápida do mundo, em 2005, Ellen MacArthur, todas estas medidas devem ser enquadradas numa “reforma profunda”, que permita destruir, a prazo, o apelo pelo consumo de plástico que emerge na sociedade globalizada desde os anos 50.

A sua visão ambiciona uma “nova economia do plástico”, na qual a indústria, os governos e os cidadãos juntam esforços para garantir que os brilhantes e (des)maravilhados tupperwares que marcaram toda uma geração da pop art “nunca se tornem num desperdício” que navegue perdido na natureza, até acabar num sempre magnificente mar ou oceano. Porque, ao contrário de Andy Warhol, as gerações do futuro ‘já não amam o plástico, já não querem ser de plástico’.


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“Open your eyes”

“Quando foi que nos tornámos a sociedade do plástico?” É com esta interrogação que o actor, activista e membro da Plastic Pollution Coalition, Jeff Bridges, dá a cara por este movimento por um mundo livre da poluição de plásticos, na mais recente campanha da organização, a qual assinala o lançamento do novo site oficial, onde se encontra, entre outras, informação relevante sobre os oceanos e a poluição marítima.

© Plastic Pollution Coalition
© Plastic Pollution Coalition

Sob o mote “Recuse o plástico de uso único” porque esta é “uma substância que a Terra não pode digerir”, o vídeo “Open Your Eyes” protagonizado pela estrela de Hollywood, vencedor de um Óscar em 2010, está a correr as redes sociais e já foi visualizado por milhões de pessoas.

Com uma mensagem global, esta campanha tem como objectivo consciencializar para a crescente problemática, lembrando que o plástico não se degrada (senão em, pelo menos, 200 a 450 anos), a sua reciclagem não é uma solução sustentável e, actualmente, os oceanos contêm já cerca de 46 600 partículas deste material poluente, por cada milha quadrada.

Alertando para os impactos tóxicos que este tipo de poluição está a causar tanto no meio ambiente como na saúde dos seres humanos, Jeff Bridges pede aos cidadãos do mundo para que abram os olhos e alterem os seus padrões de consumo, enunciando uma série de dados pesquisados pela Plastic Pollution Coalition: cerca de 33% dos plásticos são utilizados apenas uma vez e desperdiçados. Só os americanos consomem 30 milhões de toneladas por ano, e apenas 8% deste plástico é reciclado. Por não ser biodegradável, o plástico que não é reutilizado acaba em aterros e depósitos de lixos. Consequentemente, as substâncias tóxicas do plástico infiltram-se nas águas subterrâneas e contaminam rios, lagos e oceanos. Paralelamente, muitas substâncias químicas do plástico são absorvidas pelo corpo humano, já que na cadeia alimentar acabam por ser integradas na nossa alimentação, causando problemas de saúde como doenças cardiovasculares, cancro ou diabetes.

O movimento global de cidadania Plastic Pollution Coalition, que reúne associações ambientais, empresas e decisores políticos, conta actualmente com mais de 400 organizações membro e milhares de cidadãos, que trabalham em conjunto com a missão de alcançar um mundo livre de plástico.


© “Guardiãs do Mar”
© “Guardiãs do Mar”

Pradarias Marinhas, Mulheres Pescadoras, Oceano Sustentável

O projecto “GUARDIÃS do MAR: salvar o ambiente, preservar empregos” é uma das ideias candidatas à edição de 2016 do Prémio Ideias de Origem Portuguesa, iniciativa da Fundação Calouste Gulbenkian que promove o empreendedorismo na diáspora portuguesa, e cujo período de pré-selecção dos melhores projectos está a decorrer até à data do seu anúncio, a 17 de Abril de 2016.

Tendo em vista a protecção do ambiente marinho envolvendo e valorizando as mulheres pescadoras do Sado, esta ideia visa simultaneamente criar uma solução para o desemprego.

Partindo da degradação e destruição de um habitat berçário da biodiversidade marinha, as pradarias marinhas do estuário do Sado, e do impacto do seu mau estado quer no declínio da população de golfinhos do Sado, quer no desemprego e desvalorização social e cultural das mulheres pescadoras – já que a diminuição da vida marinha resulta na escassez das presas dos golfinhos, e do pescado das pescadoras – GUARDIÃS do MAR aposta na protecção destas pradarias envolvendo as pescadoras:

. Em actividades de sensibilização do público (por exemplo através de mergulhos para dar a conhecer estas pradarias marinhas), como forma alternativa ao desemprego e à pesca;

. Na monitorização e protecção directa deste habitat, com benefícios para a sua actividade pesqueira e para a disponibilidade de alimento dos golfinhos.

Uma ideia que procura, assim, “resolver um problema de sustentabilidade ambiental com impactos na valorização e inclusão social das pescadoras e no diálogo cultural, promovendo a cidadania activa em Portugal e na diáspora portuguesa”.